GOVERNO MUNDIAL: INÍCIO DA DISCUSSÃO

 “Há duas semanas, 165 personalidades mundiais (incluindo 92 ex-presidentes e primeiros-ministros) lançaram um apelo para a criação de uma força-tarefa executiva a fim de coordenar esforços globais no combate ao covid-19. O apelo reconhecia que o combate à crise de saúde não se revolverá com ações nacionais isoladas, nem com a criação de uma vacina ou tratamento em alguma nação qualquer (...) Em outras palavras, os lideres indicaram a necessidade de se pensar uma governança mundial. Como disse alguém, o combate ao vírus está provocando uma antecipação do futuro.” (1º semestre de 2020 – Publicado pelo Congresso em Foco)

No início de 2020, o mundo foi surpreendido pelo advento da Covid 19, vírus descoberto no final do ano anterior e que começou a causar seus malefícios a partir de janeiro desse ano. Por mais desenvolvido que estivesse, nenhum país estava preparado para enfrentar a pandemia que se instaurou, explicando o trecho acima transcrito que “indica a necessidade de se pensar uma governança mundial”. Antes da atual situação, porém, motivado por preocupações ambientais, também conhecidas como Ecologia, muitas lideranças ao redor do mundo já mencionavam a possibilidade de se pensar em um governo mundial, na tentativa de salvar o planeta.

O que seria um governo mundial? Governo mundial é uma   concepção genérica, na qual um corpo político disporia de uma autoridade global sobre toda a humanidade, através de um sistema político ou através de uma governança temporária ou permanente, havendo uma jurisdição sobre todo o globo. A atual civilização humana acabou tomando a forma que tem hoje, de países independentes, com formas de governo e de organização próprias, sem que qualquer um deles tenha direito de interferir nos demais, após alguns milênios de reformulações. A não ser a criação da ONU após a Segunda Guerra Mundial, não há outro órgão que possa discutir assuntos internos dos países, sem ter, contudo, poder para  interferir diretamente neles. Algumas personalidades, como o filósofo Bertrand Russel, o físico Albert Einstein, o sábio indiano Sri Aurobindo, entre outros, já haviam cogitado tal tema. Os processos de globalização do comércio, indústria, transportes, telecomunicações e fluxos de dados têm alimentado a ideia do planeta transformado em uma grande comunidade, uma aldeia global, cujos problemas transbordam as fronteiras nacionais. As crises de várias naturezas surgidas em muitos lugares do mundo, as migrações, o crime organizado e outras questões urgentes ultrapassam os limites de cada país, aparentemente exigindo um encaminhamento que transpõe os limites nacionais. Muitos, porém, seriam os obstáculos para se chegar a um governo dessa natureza: barreiras políticas (como nacionalismo, diferenças étnicas, culturais e religiosas, ameaças à liberdade) tornam difícil povos e governantes abrirem mão da soberania absoluta em prol de uma soberania mundial. Por vias pacíficas e na base da negociação e do consenso, parece ser muito difícil chegar-se a um governo mundial.

Muitos devem estar pensando a esta altura: é apenas mais uma “teoria da conspiração”. No entanto, observado o que a pandemia está provocando no mundo e o rumo que muitos setores têm tomado, cremos que não estamos longe de experimentarmos um governo mundial; de uma forma, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já assumiu, em nome da ciência, um papel que indica esse rumo durante a pandemia. Nada é mais mutável do que a ciência humana, que evolui a cada nova descoberta, adaptando o que teoricamente já sabia e alterando o rumo de “certezas” que anteriormente tinha. É confiável o que a OMS afirma? Em que momento ela foi confiável, já que titubeou tanto? Como protótipo de um governo mundial, como confiar então em um dirigente único para o planeta no qual vivemos?

O assunto é bastante polêmico e desejamos neste primeiro texto sobre ele nos atermos apenas ao foco humano. Ocasionalmente, o assunto voltará à discussão. Por enquanto, ele fica sobre a mesa.

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