A história da China começa com as civilizações pré‑históricas de quatro
mil anos atrás, passando pelo desenvolvimento do comércio das sedas, pela
origem das principais invenções da era pré‑moderna – o papel, a pólvora, a
bússola magnética. Após as gloriosas dinastias Tang e Song, berço das grandes
cidades chinesas, houve um período de declínio, com o esforço ocidental para
dominar esse território gigante. Modernamente, chegamos aos anos conturbados e
às vitórias da Revolução Socialista Chinesa, bem como às mudanças progressivas
que foram ocorrendo desde os anos 1970 até aos dias de hoje, com o
desenvolvimento impressionante da economia do país.
“O Oriente é uma universidade na qual o estudante nunca consegue o diploma.
É um templo onde o suplicante adora, mas nunca vê o objeto da sua devoção. É
uma viagem, na qual se vislumbra sempre o objetivo, sem nunca se conseguir
alcançá‑lo”, afirma Stephen G. Haw em sua história sobre a China. Pois é
exatamente este o país apontado como local de origem da atual pandemia.
O ano de 2019 chegava ao seu penúltimo mês. Em 17 de novembro, um caso
confirmado de infecção por um novo vírus surgiu, de acordo com relatórios
anteriores de fontes oficiais do governo chinês, mas não despertou
interesse na época. Em janeiro de 2020, uma equipe de médicos
especialistas chineses foi encarregada de investigar o início do Corona vírus
Wuhan, ou pneumonia de Wuhan. A 24 de janeiro de 2020, em relatório
publicado no The Lancet, a equipe observou que o primeiro paciente, posteriormente
diagnosticado com o COVID-19, apresentou sintomas pela primeira vez a 12 de
dezembro de 2019. No entanto, a equipe de especialistas encontrou um caso
anterior de um paciente que teve sintomas pela primeira vez a 1º de dezembro de
2019, apontando para uma origem ainda mais precoce.
Uma transmissão da TV chinesa feita no dia 12/01/2020 informou que "um
novo surto viral foi detectado pela primeira vez na cidade de Wuhan, China, no
dia 12 de dezembro de 2019”; entre o evento e a notícia, transcorreu um mês. O
noticiário continuou, até que, em 26 de dezembro de 2019, um laboratório havia
identificado o vírus de amostras coletadas como sendo o mais próximo
ao corona vírus de síndrome respiratória aguda de morcegos.
Já em 2020, no dia 31/01, o mundo tomou conhecimento dos seguintes
fatos: "Em 29 de dezembro de 2019, um hospital em Wuhan recebeu quatro
indivíduos com pneumonia e reconheceu que todos eles haviam trabalhado
no Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan, que vende aves
vivas, produtos aquáticos, além de diversos tipos de animais selvagens”, tendo
sido identificado inicialmente como SARS.
Notícias referentes a um surto de "pneumonia de origem desconhecida"
começaram a circular nas mídias sociais, afirmando que 27 pacientes em Wuhan
(em sua maioria vendedores do Mercado de Huanan) estavam em tratamento pela
doença misteriosa. O Comitê Municipal de Saúde de Wuhan fez um "comunicado
de urgência sobre o tratamento de uma pneumonia de origem
desconhecida". Hipóteses iniciais sobre gripe sazonal, SARS,
MERS e gripe aviária foram descartadas, sendo pacientes com suspeitas de
febre e problemas respiratórios agudos ou pneumonia, bem como histórico de
viagem para Wuhan em até 14 dias antes do início dos sintomas foram colocados
em isolamento.
No último dia de dezembro de 2019, virada para 2020, a China contatou
a Organização Mundial da Saúde (a partir de agora OMS), informando a
respeito de "casos de pneumonia de causa desconhecida detectados em
Wuhan". Em consequência, Hong Kong, Macau e Taiwan imediatamente
decretaram restrição de entrada. A televisão estatal chinesa anunciou que um
time de especialistas da Comissão Nacional de Saúde chegou a Wuhan no dia
31/12/2019 para liderar uma investigação, com noticiário incerto sobre o
assunto, procurando não levantar suspeitas da população. Informações fornecidas
pelo South China Morning Post deram ciência de que, até
13/03/2020, 266 pessoas tinham sido identificadas com o vírus. O Mercado por
Atacado de Produtos do Mar de Huanan foi fechado a 1º de janeiro de 2020 para
"renovações", segundo informações iniciais; posteriormente,
informou-se que ele tinha sido encerrado para "limpeza e
desinfecção”.
Desde então, o número de casos na China cresceu, começando a ameaçar o mundo, a
partir dos países mais próximos. O Ministério de Saúde de Singapura notificou o
primeiro caso suspeito do "misterioso vírus de Wuhan" em 04/01/2020,
seguido de outros países, como a Coreia do Sul. A primeira morte pelo vírus na
China ocorreu em 11 de janeiro, com um homem de 61 anos que era cliente regular
do mercado, com doença hepática crônica.
O Dr. Li Wenliang, oftalmologista do Hospital Central de
Wuhan, alertou os alunos de suas aulas de medicina para o possível
surgimento de um novo vírus no início do problema, fato que o levou à
prisão, acusado por Pequim de "divulgar informações falsas" que
"causaram distúrbios graves à ordem social", tendo sido forçado a
assinar um termo onde se declarava culpado e com um aviso por parte das
autoridades chinesas, que afirmava que "nós o alertamos solenemente: se
você continuar sendo teimoso, com essa impertinência, e mantiver sua atividade
ilegal, será levado à Justiça. Está entendido?". O médico acabou
contraindo o corona vírus de um paciente que tratou, tendo falecido em 7 de
fevereiro de 2020. Autoridades chinesas têm sido criticadas por falharem em
divulgar qualquer tipo de informação sobre o "vírus misterioso".
Wuhan, local de início da pandemia, é a décima maior cidade da China.
Hoje é dia 20/07/2020, ocasião em que este texto foi escrito. Tivemos
acesso a informações até o dia presente, sendo que ontem, a OMS registrou
no Brasil 2.098.389 pessoas infectadas, 79.488 mortes e 1.371.229
pacientes recuperados. Esta não é a primeira pandemia mundial, outras já
existiram e foram comentadas durante os noticiários deste ano, mas, pela
primeira vez na história, o mundo vive uma catástrofe de tal proporção
na Era da Informática, com redes sociais sendo utilizadas em toda parte e
acesso imediato à informação. Notem que a pesquisa feita pela INTERNET para
escrever este texto trouxe notícias e números de hoje! No entanto, apesar da
multiplicidade de meios de divulgação dos acontecimentos (e talvez por causa
dessa multiplicidade), nunca os seres humanos estiveram tão perplexos diante do
noticiário, causando às pessoas de bom senso uma dúvida quanto à veracidade da
informação. Divulguei os números de ontem da OMS, mas eu mesmo não tenho
certeza de confiar neles. Aliás, melhor seria ter dito “tenho certeza de não
confiar neles.”
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