“Escrevi este livro nos
últimos dias de março de 2020... quando ler isto, você saberá melhor do que eu
como as coisas se desenvolveram”; John Piper afirmou isto no
prefácio de seu livro “Coronavírus e Cristo”. O livro foi estruturado em duas
partes; na primeira, o autor procura fortalecer as convicções do leitor sobre
Deus, convidando-o para vir para a Rocha, um sólido, justo e soberano
fundamento sobre tudo, chamando a atenção para a doçura do seu Reino. Piper
afirma que, nos dias atuais, as fundações do mundo, aparentemente sólidas,
estão tremendo e sugere a pergunta a ser feita: “Temos uma Rocha
debaixo de nossos pés, uma Rocha que não pode ser abalada — nunca?” Deus
é, para ele, uma Rocha de certezas, em vez de ser areia das
probabilidades.: “E quanto ao intervalo no meio? Onde ele está agora —
precisamente agora durante este surto de corona vírus?” questiona o
autor, cujo objetivo inicial é demonstrar por que Deus em Cristo é a Rocha
neste momento da história — nesta pandemia do “corona vírus” — e como é
permanecer em seu poderoso amor. A primeira parte do livro é muito rica em
reflexões sobre a fé cristã em Deus e, melhor do que comentá-la mais
exaustivamente, será ler na íntegra as ideias do autor no próprio livro.
A segunda
parte do livro começa com a questão “o que Deus está fazendo através do corona
vírus”. Para o autor, não há dúvida de que Deus foi quem permitiu a atual
pandemia, e com fins específicos. Não importa a origem do vírus, se Deus não o
permitisse, nada disso teria acontecido. Para Piper, Deus está sempre fazendo
um bilhão de coisas que não sabemos, seus designíos com o corona vírus não são
apenas incontáveis, mas, de muitas maneiras, inescrutáveis. No entanto, o
próprio Jesus falou sobre “discernir esta época”, segundo registrou
Lucas e vamos procurar fazer isto. Seis são os caminhos a seguir para
chegarmos à verdade bíblica. Sem muitos detalhes, vamos citá-los e comentá-los
rapidamente.
1. Ilustrando
o horror moral do pecado mostra como Deus está dando ao mundo, no
surto de corona vírus (assim como em todas as outras calamidades) uma ilustração
física da feiura espiritual do pecado humano. “Porque sabemos que toda a
criação a um só tempo geme e suporta angústias até agora”, afirma Paulo à
igreja de Roma, mostrando que vaidade, cativeiro da corrupção e gemidos são
imagens de devastação e miséria globais desde que o pecado entrou no mundo. A
dor da catástrofe também nos atinge, como filhos de Deus, mas para nós ela é
purificadora, não punitiva. Diz o autor: “Deus está misericordiosamente
clamando nestes dias: Acorde! O pecado contra Deus é assim! É horrível e feio.
E muito mais perigoso que o corona vírus”.
2. Enviando
julgamentos divinos específicos por causa de atitudes e ações
pecaminosas a algumas pessoas infectadas como consequência da pandemia defende
que nem todo sofrimento individual é um julgamento específico de pecados
pessoais, mas alguns podem ser. Para o cristão, o corona é disciplina, não
destruição.
3. Realinhando-nos
ao valor infinito de Cristo é uma chamada estrondosa de Deus para nos
arrependermos e realinharmos as nossas vidas a tudo o que Jesus Cristo vale
para nós. Todos os desastres naturais são convocações dolorosas e
misericordiosas de Deus para nos arrependermos, para a mudança mais fundamental
do coração e da mente, que exige valorizar Deus com tudo o que ele é e valorizar
Jesus mais do que todas as outras relações.
4. Criando
boas obras em meio ao perigo nos conduz à convocação de Deus ao seu
povo para superar a autocomiseração e o medo e, com alegria corajosa, fazer as
boas obras do amor que glorificam a Deus mesmo no meio da pandemia. Sermos “sal
da terra e luz do mundo” é nossa tarefa em qualquer circunstância, em boas
obras destinadas a cristãos e a não-cristãos.
5. Desprendendo
as raízes para alcançar as nações lembra-nos que cristãos acomodados,
em todo o mundo, precisam ser libertados para algo novo e radical e enviados
com o evangelho de Cristo aos povos não alcançados do mundo. Aparentes
contratempos resultam em grandes avanços, como aconteceu com os cristãos
perseguidos nos primeiros séculos. Mesmo a doença poderá servir ao divino e
invencível propósito global da evangelização mundial.
6. “Despertando-nos
para a segunda vinda de Cristo” é outro caminho para entendermos o
que Deus está fazendo como o corona vírus, uma via que abre grande campo
de discussão que tentaremos seguir nos próximos textos.
“Pai, em nossos melhores momentos, por tua graça, não estamos dormindo no Getsêmani. Estamos acordados e ouvindo a oração do teu Filho. Ele sabe, lá no fundo, que deve sofrer. Mas em sua perfeita humanidade, ele clama: ‘Se possível, passa de mim este cálice’. Da mesma forma, sentimos, lá no fundo, que essa pandemia é designada, em tua sabedoria, para propósitos bons e necessários...” Este é o começo de “uma oração de encerramento”, longa petição com a qual o Pastor John Piper encerra o seu livro. Fica aqui como motivação para a leitura da oração e de todo o livro, que certamente edificará a vida de todo leitor.
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