“Depois disso vi outro anjo que descia dos céus. (...) E ele bradou com voz poderosa: ‘Caiu! Caiu a grande Babilônia!’”
(Apocalipse 18.1-2)
Após o sétimo
anjo ter derramado a sua taça no ar provocando grande cataclismo na terra e
anunciando a chegada do julgamento divino, no capítulo 16, um dos anjos
disse a João: “Venha, eu lhe mostrarei o julgamento da grande
prostituta...” Levado pelo Espírito ao deserto, João viu uma mulher montada
numa besta vermelha; a besta estava coberta de nomes blasfemos e tinha sete
cabeças e dez chifres. A mulher vista por João é outro símbolo, vestida de
azul e vermelho, adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas, segurando um
cálice de ouro, cheio de coisas repugnantes e da impureza da sua prostituição e
com uma inscrição em sua testa: “Mistério: Babilônia, a grande mãe das
prostitutas e das práticas repugnantes da terra”. Ela se mostra “embriagada
com o sangue dos santos, o sangue das testemunhas de Jesus”.
O anjo
explicou a João o mistério da mulher e da besta. As sete cabeças são sete
colinas, mas também são sete reis: cinco já passaram, um ainda existe e o outro
ainda não surgiu e, quando surgir, permanecerá por pouco tempo. A besta
que era, e agora não é, é o oitavo rei e caminha para a perdição. Dez chifres
representam dez reis que ainda não receberam autoridade como reis, mas que a
receberão junto com a besta por pouco tempo. Guerrearão contra o Cordeiro, ele
e os seus fiéis os vencerão. As águas são povos, multidões, nações e
línguas. A besta e os dez chifres odiarão a prostituta: eles a levarão à
ruína e a deixarão nua, comerão a sua carne e a destruirão com fogo, pois
este é o propósito de Deus. A mulher é a grande cidade que reina sobre os reis
da terra.
Depois
disso, João viu outro anjo que descia dos céus bradando com voz poderosa: “Caiu!
Caiu a grande Babilônia!” A seguir, em linguagem poética, o anjo
mostrou a João primeiramente a decadência espiritual da grande
cidade: tudo o que é imundo, impuro e detestável foi por ela abrigado,
prostituindo espiritualmente todas as nações, bem como seus reis. Uma
voz dos céus alertou os cristãos para que saíssem da cidade para não
participarem do seu pecado e não serem atingidos pelas pragas. Em um
só dia, morte, tristeza e fome alcançarão a grande cidade e o fogo a
consumirá. Os reis da terra, por ela corrompidos, chorarão e se lamentarão, mas
ficarão de longe com medo tormento.
Os
negociantes da terra chorarão e se lamentarão porque ninguém mais compra a sua
mercadoria: joias, tecidos finos e caros, peças de madeira, de marfim, de
bronze, ferro e mármore, canela e especiarias, incenso, mirra e perfumes,
vinho, azeite de oliva, farinha fina e trigo, bois e ovelhas, cavalos e
carruagens fazem parte das perdas econômicas. Nos transportes
marítimos, pilotos, passageiros, marinheiros dos navios e os que ganham a
vida no mar ficarão de longe, lamentando-se e chorando. Nas atividades
comuns das grandes cidades, nunca mais se ouvirá em seu meio o som dos
harpistas, músicos, flautistas e tocadores de trombeta; nunca mais
haverá artífice algum, de qualquer profissão; não mais se ouvirá em seu
meio o ruído das pedras de moinho; a luz da candeia não brilhará mais
dentro de seus muros, nem se ouvirá ali a voz do noivo e da
noiva. A grandeza dos mercadores, a sedução das nações por suas feitiçarias e
principalmente o sangue de profetas, de santos nela
encontrado foram seus grandes pecados.
Houve
regozijo nos céus, onde uma grande multidão iniciou um grandioso louvor,
louvando salvação, glória e poder que pertencem a Deus e seus
verdadeiros e justos juízos.
Envolto em grande simbolismo de linguagem, esta é a queda da grande cidade, chamada nesta passagem apocalíptica de Babilônia, mas já denominada profeticamente no Apocalipse de Roma, Egito e Sodoma. O que representa a queda da grande cidade? Há muitas interpretações, mas talvez a mais comum seja a identificação da cidade com Roma pelas sete colinas, tanto Roma Imperial quanto a Eclesiástica. Pessoalmente, creio que a grande cidade destruída refere-se à queda da civilização humana como um todo, principalmente no que diz respeito à perseguição aos profetas e à igreja, e principalmente pelo pecado e desvio de sua rota dos caminhos do Senhor. A geração de Caim, que tanto desenvolvimento criou, fundando cidades e lidando com tendas, rebanhos, instrumentos musicais e ferramentas de bronze e ferro (segundo os capítulos iniciais de Gênesis), também introduziu novos pecados no mundo, como a bigamia. Ela reflete toda a concupiscência humana, a busca do homem pelo prazer, a sedução do pecado. No início de Gênesis, depois que os filhos de Deus buscaram as filhas dos homens, Deus viu que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que toda a inclinação dos pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal. Deus se arrependeu de ter feito o homem sobre a terra, vindo em decorrência disso o dilúvio. O “dilúvio” final, não mais com água, mas com as pragas da ira de Deus sobre a humanidade, está próximo. Será o fim da história humana, da terra e do universo como o conhecemos. Então teremos novo céu e nova terra.
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