sábado, 24 de abril de 2021

23. DA VELHA BABILÔNIA À NOVA JERUSALÉM

 “Nabucodonosor levou para o exílio, na Babilônia, os remanescentes (...) para serem seus escravos...” (2 Crônicas 36.20)

“Então vi novos céus e nova terra (...) Vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus...”

(Apocalipse 21.1-2a).

Na profecia de Daniel, a característica marcante do Império Babilônico é representada pela cabeça de ouro. Babilônia, sua metrópole, alcançou uma altura nunca antes alcançada por nenhum dos sucessores de Nabucodonosor. Situada em um jardim no Oriente, ocupava um quadrado perfeito de aproximadamente 90 quilômetros de circunferência, cerca de 24 quilômetros de cada lado. Era cercada por uma muralha de cerca de oitenta metros de altura e vinte e sete metros de espessura, circundada por um fosso; dividida em quadrados por suas muitas ruas, cada uma com 45 metros de largura, com cruzamentos em ângulos retos; a cidade se estendia em jardins e recantos de prazer visual, intercalados por magníficas vivendas,  com seus cem metros de fosso e de muralha externa, seus sessenta metros de muro de rio cruzando o centro da cidade, seus portões de bronze sólido, seus jardins suspensos com terraços acima de terraços até alcançarem a altura das próprias muralhas, seu majestoso templo de Belos (ou Marduque), seus dois palácios reais conectados por túneis subterrâneos sob o rio Eufrates, seu projeto perfeito para privilégio, ornamentação e defesa, bem como seus recursos ilimitados de cidade, Babilônia possuía em si mesma muitas coisas que eram singulares, na grande maravilha que era a cidade para o mundo antigo. Lá, com todo o mundo prostrado aos seus pés, uma rainha de inigualável grandeza, ostentando o título de “a glória dos reinos, a beleza da excelência dos caldeus”, levantava-se a cidade, capital adequada daquele reino representado pela cabeça de ouro desta grande imagem histórica.

Essa era a Babilônia, em cujo trono sentou-se Nabucodonosor, no melhor da sua vida, coragem, vigor e realizações, quando Daniel adentrou suas muralhas para servir como um cativo em seus gloriosos palácios, durante setenta anos. Lá os filhos do Senhor, mais oprimidos do que extasiados pela glória e prosperidade da terra do seu cativeiro, penduraram suas harpas nos salgueiros às margens do Eufrates, chorando ao se lembrarem de Sião. Lá começou o estado cativo da igreja ainda em um sentido mais amplo, pois desde aquele tempo, o povo de Deus tem estado em sujeição aos poderes terrenos, oprimido por eles de forma progressiva. Assim eles ficarão, até que todos os poderes terrenos finalmente se submetam ao Cordeiro, aquele que tem o direito de reinar.

No entanto, aguardem: aquele dia de livramento lentamente se aproxima. Em outra cidade, não somente Daniel, mas todos os filhos de Deus, do menor ao maior, do mais baixo ao mais alto, logo entrarão. Não é meramente uma cidade de noventa quilômetros de circunferência, mas de mais de dois mil e duzentos quilômetros, muito maior, portanto; uma cidade cujos muros não são de tijolos e betume, mas de pedras preciosas e jasper; cujas ruas não são as vias pavimentadas da Babilônia (embora fossem elas lisas e bonitas), mas de ouro transparente; cujo rio não é o Eufrates, mas o rio da Vida; cuja música não são suspiros e lamentos dos cativos de coração partido, mas emocionantes hinos de vitória sobre a morte e o túmulo, do qual multidões resgatadas se erguerão; cuja luz não é a bruxuleante iluminação terrena, mas a incessante e inefável glória de Deus e do Cordeiro. A essa cidade eles virão, não como cativos entrando em uma terra estrangeira, mas como exilados retornando à casa de seu pai; não estarão voltando para um lugar onde conviverão com palavras assustadoras como "servidão," "escravidão" e "opressão", mas para um lugar onde as doces palavras "lar", "liberdade", "paz", "pureza", "indizível bênção" e "vida sem fim" encherão suas almas com deleite para sempre e sempre. Sim, nossa boca encheu-se de riso e a nossa língua de cantos de alegria quando o Senhor trouxe os cativos de volta a Sião.

A velha cidade histórica de Babilônia deixou de existir ao longo do tempo, com a mudança pelos persas da capital para Susã, recém construída, e o abandono de suas edificações. Assim morreu uma das sete maravilhas do mundo antigo. No Apocalipse, Babilônia aparece como a Grande Prostituta, corruptora dos reis e reinos deste mundo, destruída após a sétima taça derramada com a derradeira praga da ira de Deus. Jerusalém, conquistada inicialmente por Davi aos jebuseus, capital do Reino de Israel, foi o local onde o Cordeiro de Deus foi morto. Ainda hoje é a capital do país chamado Israel. A Nova Jerusalém é o nosso destino final, desde que tenhamos aceitado o sacrifício do Cordeiro de Deus como tendo sido realizado em nosso lugar, pelo pecado de cada um de nós. Se você não for para a Nova Jerusalém, seu destino será a ira de Deus. “Meu amigo, / hoje tu tens a escolha: / vida ou morte, / qual vais aceitar?”

Escolha a vida em Cristo Jesus! Aproveite, antes que ele volte!  

sábado, 10 de abril de 2021

22. DA IGREJA APOSTÓLICA À IGREJA CONTEMPORÂNEA

“Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações” (Atos 2. 42). 

A Igreja Apostólica começou com 120 pessoas, incluindo os apóstolos e os seguidores do Caminho, nome que antecedeu o de cristãos. Houve grande aumento numérico ao longo dos séculos, até chegarmos à era presente, à Igreja Contemporânea, que hoje convive com a pandemia. Existe alguma semelhança entre as duas igrejas distanciadas no tempo? O pastor Paulo Washer lançou recentemente o livro “Dez acusações contra a Igreja Moderna”, o qual serviu de inspiração para este texto. Conheçamos um pouco das suas ideias.

Timóteo afirma que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça”, mas modernamente líderes cristãos têm defendido a necessidade de contemporização da Bíblia, de apoio da psicologia, antropologia e sociologia em suas mensagens. Negam a eficiência da Escritura; a Bíblia é inspirada, inerrante e suficiente para comunicar a mensagem divina ao homem, pois é a Palavra de Deus.

Segundo Paul Washer, existem algumas formas de ignorância na igreja, primeiramente, com respeito a Deus. Conhecer a Deus resume toda a vida cristã, desde a conversão até a eternidade. Há, muitas vezes,  formado no  próprio coração das pessoas, um deus sendo adorado, em vez do culto racional ao Deus Verdadeiro, por puro desconhecimento.

ignorância quanto ao evangelho de Cristo não leva em conta a natureza de Deus, em contraste com a natureza humana decaída. Deus é verdadeiramente justo e todos os homens são ímpios. O Filho de Deus veio ao mundo como homem perfeito, vivendo em harmonia com o Pai, morrendo na cruz do Calvário em nosso lugar, dando-nos nova vida com o novo nascimento. O erro fundamental da igreja hoje com relação ao evangelho é não dar ênfase à regeneração.

ignorância quanto à natureza da Igreja nos leva a esquecer que Deus estabeleceu somente uma instituição religiosa, a Igreja, por quem Jesus deu sua vida, para que ela fosse santa. A igreja é e sempre foi uma só, seu organismo é único e eterno, embora os homens a tenham complicado em suas organizações locais mundanas e passageiras.

pecado é o verdadeiro problema e mal do ser humano. Os púlpitos modernos tratam o pecado de forma superficial, com pregadores que estão mais preocupados em dar às pessoas “a melhor vida agora” do que em guiá-las para a eternidade. A doença  chamada autoestima nos leva a amar mais ao eu do que a Deus. Com isso, tem-se atenuado a forma de convite ao evangelho. João Batista pregava: “Arrependam-se e creiam nas boas novas.” No entanto, pregadores modernos mudaram o arrependimento por aceitar a Cristo. A decisão emocional de um momento sem o consequente arrependimento do pecado e busca da santificação na vida não é verdadeira vida cristã.

Busca da santificação e permanência no pecado são antagônicos. A Igreja atual não tem alertado seus membros quanto à necessidade de separação do mundo pecaminoso. Paulo alertou aos crentes romanos: “... o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas?”  Se Deus promove um verdadeiro novo nascimento em uma pessoa, ele continuará agindo nessa vida por meio de ensino, bênção, admoestação e disciplina. Se você quer conhecer a Deus, alguma separação do mundo tem que acontecer.

ensino bíblico para a família tem sido substituído por psicologia e sociologia. Como líder familiar, sua autoridade está na Palavra de Deus. A juventude da igreja precisa de acompanhamento de líderes mais experientes, com maior vivência cristã. A Igreja não tem tido muitos problemas com a vida cultural mundana de hoje, porque não estamos confrontando a cultura ao nosso redor; ande em obediência à Palavra de Deus e o mundo o odiará. Falta à Igreja moderna uma disciplina eclesiástica amorosa e compassiva. O crente realmente convertido ao evangelho pode precisar de restauração com mansidão. Deus disciplina a quem ele ama; assim deve também fazer a Igreja.

Como última crítica, Washer ressalta a existência hoje de pastores mal nutridos na Palavra de Deus: Paulo orientou o jovem Timóteo: “Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade”. No final dos tempos, todo o inferno tomará conta da cultura humana, tudo se tornará confuso e homens agirão como bestas, como animais. Conrad Mbewe, um líder cristão africano, afirmou: “Na África, já não temos medo de bestas nem fugimos delas; tememos os homens e fugimos deles”. É a depravação total da humanidade: o mundo perdeu o juízo, mas devemos estar constantemente alimentados pelas palavras da fé. Nos nossos dias, movimentos como Igreja emergente e crescimento de igreja, bem como a adaptação cultural das verdades bíblicas, em grande parte, estão se afastando dos ensinos neotestamentários. Precisamos nos disciplinar e aplicar na piedade, na oração, na leitura da Bíblia, no modo de falar e mesmo na companhia com a qual andamos. Se vocês são filhos do Rei, nada neste mundo poderá satisfazê-los. 

Pastores e líderes cristãos: Somos homens de Deus, ministros do Altíssimo: procuremos nos apresentar aprovados diante do Criador!

sexta-feira, 9 de abril de 2021

21. OS JUDEUS E O MESSIAS

 

“... estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (João 1.10-11). 

Quando Deus enviou seu Filho ao mundo, a expectativa entre os judeus era para a chegada de um Messias libertador, político, guerreiro, que restaurasse o reino de Israel à sua antiga glória. Em Belém de Judá, pouco maior do que um povoado, nasceria um bebê, filho de família humilde que, quando se tornasse adulto, promoveria um Reino, não o de Israel, mas o de Deus, seu Pai. Frustraram-se aqueles que não souberam ler devidamente as profecias; por isso afirmou João que ele “veio para o que era seu, e os seus não o receberam”. Por isso, desde o século I da Era Cristã, os judeus (que seguem outro calendário) aguardam a vinda do Messias.

O interessante, no entanto, é que, crendo eles nas mesmas profecias veterotestamentárias em que também os cristãos creem (embora eles não aceitem as do Novo Testamento), também os rabinos atuais estão pressentindo que a vinda do Messias está próxima. Para o rabino Alon Anava, do norte de Israel, existe um significado espiritual na turbulência em que vivemos. Ele acredita que o mal está tentando anular o bem e que um governo mundial será um mal necessário para a vinda do Messias. “Você pode ver claramente que a força do mal e das trevas está tentando aniquilar a força do bem”, afirmou ele. “O Messias é para o resto do mundo, não é apenas para judeus”, continuou ele. “Jeová comanda o show. Você não tem nada a temer”, concluiu o rabino.

Um outro rabino arriscou até a prever um ano: a chegada do Messias acontecerá em 2022, segundo ele. A vinda do Enviado deve coincidir com um evento estelar de grande proporção; recentemente, pesquisadores astronômicos anunciaram uma colisão de corpos celestes para 2022, que iluminará o céu noturno, dando origem ao nascimento de uma nova estrela. Desde os escritos de Maimônides, um rabino judaico de Andaluzia do século XII, já havia alusão a um versículo do Antigo Testamento como a prova da chegada do Salvador. Nachman Kahane, um líder rabino em Jerusalém, crê que um Templo será construído no monte do Templo enquanto ele, o rabino, ainda estiver vivo; e ele diz que tudo está pronto para que o Templo seja construído ainda hoje.

O profeta Ezequiel, contemporâneo do final do Reino de Judá e da deportação para a Babilônia, a partir do capítulo 40 até o final, fala da futura restauração e da construção de um majestoso templo a Deus, dando descrição minuciosa do mesmo. Naquele tempo, o Templo de Salomão estava sendo destruído pelos conquistadores e seus objetos sagrados levados para a Babilônia. O templo reconstruído setenta anos depois não tinha a glória da primeira edificação nem seguiu as especificações dadas a Ezequiel. A profecia se refere, portanto, ao terceiro templo a ser construído em Israel.

Providências para a construção do Templo têm sido tomadas em Israel, com o treinamento de homens para o serviço no Templo e a confecção dos implementos necessários para o seu funcionamento, inclusive a mesa da proposição, o altar do incenso, e a menorá (candelabro de sete braços) feita de ouro. Perto de Jericó, no vale do rio Jordão, um centro de treinamento educa homens, que creem ser da tribo de Levi e da família sacerdotal, para que venham a servir no Templo. O rabino Yoel Keren acredita que o Terceiro Templo será construído seguindo os detalhes descritos em Ezequiel 40-46.

O mundo conheceu apenas dois templos judeus: o primeiro, construído no monte do Templo pelo rei Salomão em 975 a.C., durou 390 anos, antes que os babilônios o destruíssem no ano 586 a.C. O segundo, construído depois do cativeiro na Babilônia no final do século IV a.C. no mesmo local, permaneceu durante 585 anos, até ser destruído pelos romanos no ano 70 d.C. O cenário do final dos tempos na profecia divina anuncia que haverá um templo judeu quando o Anticristo reinar sobre o mundo.

Nós, os cristãos, aguardamos a volta de Jesus Cristo, o Messias que veio ao mundo cumprindo toda a profecia do Antigo Testamento. Os judeus ainda aguardam a vinda do Messias; é interessante de se notar que as mesmas profecias cumpridas com a primeira vinda de Cristo, segundo o ponto de vista cristão, estejam hoje servindo de base para a expectativa da primeira vinda do Messias pelos judeus. Tudo leva a crer que a volta de Cristo coincida com a vinda do aguardado Messias israelita. Cumprir-se-á então a profecia de João no Apocalipse, referente à salvação dos judeus, que finalmente reconhecerão aquele que veio para o seu povo sem ser por ele conhecido; 144.000 é o número simbólico, mas significativo, sendo 12.000 de cada uma das tribos de Israel.

“A glória do Senhor entrou no templo pela porta que dava para o lado leste. Então o Espírito pôs-me em pé e levou-me para dentro do pátio interno, e a glória do Senhor encheu o templo” (Ezequiel 43.4-5). O profeta descreve a glória de Deus tomando posse do Terceiro Templo, conforme o Espírito permitiu que ele antevisse. Tudo o que foi dito mostra que Israel se prepara para construir o Templo, apesar de todos os problemas existentes. Mais uma vez, acende-se a chama da esperança para os cristãos, esperança de que tudo se renove com os novos céus e a nova terra, após a volta de Cristo. Até lá, mantenha acesa a sua lamparina, pois o Noivo não tarda a chegar. 

terça-feira, 6 de abril de 2021

20. LINGUAGEM POÉTICO-MUSICAL NA QUEDA DA GRANDE CIDADE

“Nunca mais se ouvirá em seu meio / o som dos harpistas, dos músicos, / dos flautistas e dos tocadores de trombeta...” (Apocalipse 18.22a)

No texto anterior, o episódio da queda da Grande Cidade foi deixado de lado, porque era tão grande o volume da linguagem poética no Apocalipse, que deixamos para este texto posterior justamente o episódio que apresenta mais linguagem poética que os outros, talvez metade dos capítulos 17, 18 e início do 19. Após a parte profética apresentada anteriormente no texto número 17, a queda da Babilônia é descrita em forma de poesia. Para manter a beleza do texto, a linguagem poética será transcrita literalmente.

Primeiramente, houve o anúncio geral da catástrofe:

“Caiu! Caiu a grande Babilônia! / Ela se tornou habitação / de demônios / e antro de todo espírito imundo, / antro de toda ave impura / e detestável, / pois todas as nações beberam / do vinho da fúria / da sua prostituição. / Os reis da terra / se prostituíram com ela; / à custa do seu luxo excessivo / os negociantes da terra / se enriqueceram”.

Foi dado um alerta aos cristãos:

“Saiam dela, vocês, povo meu, / para que vocês não participem dos seus pecados, / para que as pragas / que vão cair sobre ela / não os atinjam! / Pois os pecados da Babilônia / acumularam-se até o céu, / e Deus se lembrou / dos seus crimes. / Retribuam-lhe / na mesma moeda; / paguem-lhe em dobro / pelo que fez; / misturem para ela uma porção dupla / no seu próprio cálice. / Façam-lhe sofrer tanto tormento / e tanta aflição / como a glória e o luxo a que ela se entregou. / Em seu coração / ela se vangloriava: / ‘Estou sentada como rainha; / não sou viúva / e jamais terei tristeza’. / Por isso num só dia / as suas pragas a alcançarão: / morte, tristeza e fome; / e o fogo a consumirá, / pois poderoso é o Senhor Deus que a julga.”

Os reis da terra, por ela corrompidos, de longe gritarão:

"‘Ai! A grande cidade! / Babilônia, cidade poderosa! / Em apenas uma hora / chegou a sua condenação!’”

Os negociantes se lamentarão:

“‘Ai! A grande cidade, / vestida de linho fino, / de roupas de púrpura / e vestes vermelhas, / adornada de ouro, / pedras preciosas e pérolas! / Em apenas uma hora, / tamanha riqueza / foi arruinada!’”

Pilotos, passageiros, marinheiros dos navios, os que ganham a vida no mar chorando gritarão:

“‘Ai! A grande cidade! / Graças à sua riqueza, / nela prosperaram /
todos os que tinham / navios no mar! / Em apenas uma hora / ela ficou em ruínas! / Celebrem o que se deu com ela, ó céus! / Celebrem, ó santos, apóstolos / e profetas! / Deus a julgou, retribuindo-lhe / o que ela fez a vocês’”.

Uma grande pedra de moinho foi teatralmente lançada ao mar e o anjo disse:

“Com igual violência / será lançada por terra / a grande cidade / de Babilônia, / para nunca mais / ser encontrada.”

O ruído das atividades normais de todas as cidades lá nunca mais existirá:

“Nunca mais se ouvirá em seu meio / o som dos harpistas, dos músicos, / dos flautistas e dos tocadores / de trombeta. / Nunca mais se achará dentro de seus muros / artífice algum, de qualquer profissão. / Nunca mais se ouvirá em seu meio / o ruído das pedras de moinho. / Nunca mais brilhará dentro de seus muros / a luz da candeia. / Nunca mais se ouvirá ali / a voz do noivo e da noiva. / Seus mercadores eram / os grandes do mundo. / Todas as nações / foram seduzidas / por suas feitiçarias. / Nela foi encontrado sangue / de profetas e de santos, / e de todos os que foram assassinados /
na terra”.

No início do capítulo 19, há um poema final refletindo a repercussão da queda nos céus:

“Aleluia! / A salvação, a glória e o poder / pertencem ao nosso Deus, / pois verdadeiros e justos / são os seus juízos. / Ele condenou / a grande prostituta / que corrompia a terra / com a sua prostituição. / Ele cobrou dela o sangue / dos seus servos”.

Encerrando o louvor celestial, ouve-se a exclamação:

“Aleluia! /A fumaça que dela vem, / sobe para todo o sempre”.

A poesia fazia parte da literatura judaico-israelita, assim como praticamente de todas as literaturas humanas, por mais remotas que fossem. Há diferenças entre a poesia do Apocalipse e a nossa poesia ocidental, principalmente a luso-brasileira; cada língua lida com sua linguagem poética de forma diferente. O uso da barra transversal (/) na transcrição dos versos foi para poupar espaço, já que cada verso normalmente ocupa uma linha. A Bíblia está cheia de poesia. Seja em forma de poema judaico-israelita, seja na forma de prosa poética, desde o Gênesis até o Apocalipse, encontramos o extravasamento de alma do autor do texto bíblico.

Tenham sempre em mente e nos corações a esperança que o livro de Apocalipse deve nos infundir, diferentemente daquilo que acontece com o mundo em geral, que vê o Apocalipse como catastrófico, sempre ligado a mortes e destruição apenas. Tudo isto está profetizado e irá acontecer, para que novos céus e nova terra possam ser criados por Deus e a Nova Jerusalém será a nossa morada eterna. Até lá, “Maranata” deve ser nossa oração. 

19. POESIA E MÚSICA NO APOCALIPSE

“Eis que ele vem com as nuvens, / e todo olho o verá, / até mesmo aqueles que o traspassaram; / e todos os povos da terra / se lamentarão por causa dele. / Assim será! Amém. “Eu sou o Alfa e o Ômega”, diz o Senhor Deus, “o que é, o que era e o que há de vir, o Todo-poderoso.” (Apocalipse 1. 7-8)

Este será, se Deus quiser, um texto prazeroso de escrever e de ler. Vamos falar da arte no livro do Apocalipse, principalmente a poesia e a música. Confesso que, mesmo tendo lido e Bíblia e o Apocalipse mais de uma vez durante a minha vida, eu nunca havia percebido a existência da arte apocalíptica. Como nós temos cantado nas nossas igrejas, ao longo do tempo, hinos cuja letra foi inspirada, adaptada e até copiada do Apocalipse! Começando no primeiro capítulo, o texto inicial é poesia do primeiro capítulo do livro. Vamos conhecer, pois o assunto é extenso.

“Santo, santo, santo / é o Senhor, o Deus todo-poderoso, que era, que é e que há de vir”. (4.8b)

“Tu, Senhor e Deus nosso, / és digno de receber / a glória, a honra e o poder, / porque criaste todas as coisas, / e por tua vontade elas existem / e foram criadas”. (4.11)

Estes dois textos foram louvores apresentados na sala do Trono de Deus, por ocasião da abertura do livro dos sete selos. O segundo texto não lhe pareceu familiar? Ainda no mesmo episódio:

“Tu és digno de receber o livro / e de abrir os seus selos, / pois foste morto, / e com teu sangue compraste para Deus / gente de toda tribo, língua, povo e nação. / Tu os constituíste reino e sacerdotes / para o nosso Deus, / e eles reinarão sobre a terra”. (5.9-10)

“Digno é o Cordeiro / que foi morto / de receber poder, riqueza, sabedoria, força, / honra, glória e louvor!” (5.12). No mesmo episódio ainda, quem ainda não cantou:

“Àquele que está assentado / no trono e ao Cordeiro / sejam o louvor, a honra, / a glória e o poder, / para todo o sempre!” (5.13)

Quando o apocalipse menciona pela primeira vez os 144.000 de Israel, lemos os versos seguintes:

“A salvação pertence / ao nosso Deus, / que se assenta no trono, /e ao Cordeiro”. (7.10)

“Amém! / Louvor e glória, / sabedoria, ação de graças, / honra, poder e força / sejam ao nosso Deus / para todo o sempre. / Amém!” (7.11)

“Estes são os que vieram da grande tribulação e lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro. Por isso: eles estão / diante do trono de Deus / e o servem dia e noite / em seu santuário; / e aquele que está assentado no trono / estenderá sobre eles / o seu tabernáculo. / Nunca mais terão fome, / nunca mais terão sede. / Não os afligirá o sol, / nem qualquer calor abrasador, / pois o Cordeiro que está / no centro do trono / será o seu Pastor; / ele os guiará às fontes / de água viva. / E Deus enxugará dos seus olhos toda lágrima”. (7.14b-17)

Quando foi tocada a sétima trombeta, houve fortes vozes nos céus que diziam:

“O reino do mundo / se tornou de nosso Senhor / e do seu Cristo, / e ele reinará / para todo o sempre”. (11.15b)

Handel baseou-se nesta referência para a criação do majestoso “Aleluia”. Ainda no mesmo episódio da 7ª trombeta, temos o poema:

“Graças te damos, / Senhor Deus todo-poderoso, / que és e que eras, / porque assumiste / o teu grande poder / e começaste a reinar. / As nações se iraram; / e chegou a tua ira. / Chegou o tempo de julgares / os mortos / e de recompensares / os teus servos, os profetas, / os teus santos / e os que temem o teu nome, /tanto pequenos / como grandes, / e de destruir / os que destroem a terra”. (11.17-18)

No episódio da mulher grávida e o dragão, lemos o poema:

“Agora veio a salvação, / o poder e o Reino / do nosso Deus, / e a autoridade do seu Cristo, / pois foi lançado fora / o acusador dos nossos irmãos, / que os acusa diante / do nosso Deus, dia e noite. / Eles o venceram / pelo sangue do Cordeiro / e pela palavra do testemunho / que deram; / diante da morte, / não amaram a própria vida. / Portanto, celebrem-no, ó céus, / e os que neles habitam! / Mas, ai da terra e do mar, / pois o Diabo desceu até vocês! / Ele está cheio de fúria, / pois sabe que lhe resta / pouco tempo”. (12.1012)

Por ocasião do início das sete taças da ira de Deus e as pragas, lemos o poema (será que não soa familiar?):

“Grandes e maravilhosas / são as tuas obras, / Senhor Deus todo-poderoso. / Justos e verdadeiros / são os teus caminhos, / ó Rei das nações. / Quem não te temerá, ó Senhor? / Quem não glorificará o teu nome? / Pois tu somente és santo. / Todas as nações virão à tua presença / e te adorarão, / pois os teus atos de justiça / se tornaram manifestos”. (15.3b-4)

Após o derramar da terceira taça, ouviu-se o louvor:

“Tu és justo, / tu, o Santo, que és e que eras, / porque julgaste estas coisas; / pois eles derramaram / o sangue dos teus santos / e dos teus profetas, / e tu lhes deste sangue / para beber, / como eles merecem”. E ouvi o altar responder: “Sim, Senhor Deus todo-poderoso, / verdadeiros e justos / são os teus juízos”. (16.5b-7)

O louvor final ocorre anunciando o último casamento, as bodas do Cordeiro (Jesus Cristo) com sua noiva (a Igreja):

“Louvem o nosso Deus, / todos vocês, seus servos, / vocês que o temem, / tanto pequenos como grandes!” (19.5b)

“Aleluia!, / pois reina / o Senhor, o nosso Deus, / o Todo-poderoso./
Regozijemo-nos! Vamos alegrar-nos / e dar-lhe glória! / Pois chegou a hora / do casamento do Cordeiro, / e a sua noiva já se aprontou. /Para vestir-se, foi-lhe dado / linho fino, brilhante e puro”.
(19.6b-8a)

23. DA VELHA BABILÔNIA À NOVA JERUSALÉM

  “Nabucodonosor levou para o exílio, na Babilônia, os remanescentes (...) para serem seus escravos...” (2 Crônicas 36.20) “Então vi novo...