“Nunca mais
se ouvirá em seu meio / o som dos harpistas, dos músicos, / dos
flautistas e dos tocadores de trombeta...”
No texto anterior, o episódio da queda
da Grande Cidade foi deixado de lado, porque era tão grande o volume da
linguagem poética no Apocalipse, que deixamos para este texto posterior
justamente o episódio que apresenta mais linguagem poética que os outros,
talvez metade dos capítulos 17, 18 e início do 19. Após a parte profética
apresentada anteriormente no texto número 17, a queda da Babilônia é descrita
em forma de poesia. Para manter a beleza do texto, a linguagem poética será
transcrita literalmente.
Primeiramente,
houve o anúncio geral da catástrofe:
“Caiu! Caiu
a grande Babilônia! / Ela se tornou habitação / de demônios / e antro de
todo espírito imundo, / antro de toda ave impura / e detestável, / pois todas
as nações beberam / do vinho da fúria / da sua prostituição. / Os reis da terra
/ se prostituíram com ela; / à custa do seu luxo excessivo / os
negociantes da terra / se enriqueceram”.
Foi dado
um alerta aos cristãos:
“Saiam
dela, vocês, povo meu, / para que vocês não participem dos seus pecados, / para
que as pragas / que vão cair sobre ela / não os atinjam! / Pois os pecados da
Babilônia / acumularam-se até o céu, / e Deus se lembrou / dos seus
crimes. / Retribuam-lhe / na mesma moeda; / paguem-lhe em dobro /
pelo que fez; / misturem para ela uma porção dupla / no seu próprio cálice. /
Façam-lhe sofrer tanto tormento / e tanta aflição / como a glória e o luxo a
que ela se entregou. / Em seu coração / ela se vangloriava: / ‘Estou sentada
como rainha; / não sou viúva / e jamais terei tristeza’. / Por isso num só
dia / as suas pragas a alcançarão: / morte, tristeza e fome; / e
o fogo a consumirá, / pois poderoso é o Senhor Deus que a julga.”
Os reis
da terra, por ela corrompidos, de longe gritarão:
"‘Ai!
A grande cidade! / Babilônia, cidade poderosa! / Em apenas uma hora /
chegou a sua condenação!’”
Os negociantes se
lamentarão:
“‘Ai! A
grande cidade, / vestida de linho fino, / de roupas de púrpura / e
vestes vermelhas, / adornada de ouro, / pedras preciosas e pérolas! / Em apenas
uma hora, / tamanha riqueza / foi arruinada!’”
Pilotos,
passageiros, marinheiros dos navios, os que ganham a vida no mar chorando
gritarão:
“‘Ai! A
grande cidade! / Graças à sua riqueza, / nela prosperaram /
todos os que tinham / navios no mar! / Em apenas uma hora / ela ficou
em ruínas! / Celebrem o que se deu com ela, ó céus! / Celebrem, ó
santos, apóstolos / e profetas! / Deus a julgou, retribuindo-lhe / o que
ela fez a vocês’”.
Uma grande
pedra de moinho foi teatralmente lançada ao mar e o anjo disse:
“Com igual
violência / será lançada por terra / a grande cidade / de Babilônia, / para
nunca mais / ser encontrada.”
O ruído
das atividades normais de todas as cidades lá nunca mais
existirá:
“Nunca mais
se ouvirá em seu meio / o som dos harpistas, dos músicos, / dos flautistas e
dos tocadores / de trombeta. / Nunca mais se achará dentro de seus muros /
artífice algum, de qualquer profissão. / Nunca mais se ouvirá em seu meio / o
ruído das pedras de moinho. / Nunca mais brilhará dentro de seus muros / a luz
da candeia. / Nunca mais se ouvirá ali / a voz do noivo e da noiva. / Seus
mercadores eram / os grandes do mundo. / Todas as nações / foram seduzidas /
por suas feitiçarias. / Nela foi encontrado sangue / de profetas e de
santos, / e de todos os que foram assassinados /
na terra”.
No início
do capítulo 19, há um poema final refletindo a repercussão da queda nos
céus:
“Aleluia! /
A salvação, a glória e o poder / pertencem ao nosso Deus, / pois verdadeiros e
justos / são os seus juízos. / Ele condenou / a grande prostituta / que
corrompia a terra / com a sua prostituição. / Ele cobrou dela o sangue / dos
seus servos”.
Encerrando
o louvor celestial, ouve-se a exclamação:
“Aleluia!
/A fumaça que dela vem, / sobe para todo o sempre”.
A poesia
fazia parte da literatura judaico-israelita, assim como praticamente de todas
as literaturas humanas, por mais remotas que fossem. Há diferenças entre a
poesia do Apocalipse e a nossa poesia ocidental, principalmente a
luso-brasileira; cada língua lida com sua linguagem poética de forma diferente.
O uso da barra transversal (/) na transcrição dos versos foi para poupar
espaço, já que cada verso normalmente ocupa uma linha. A Bíblia está cheia de poesia.
Seja em forma de poema judaico-israelita, seja na forma de prosa poética, desde
o Gênesis até o Apocalipse, encontramos o extravasamento de alma do autor do
texto bíblico.
Tenham sempre em mente e nos corações a esperança que o livro de Apocalipse deve nos infundir, diferentemente daquilo que acontece com o mundo em geral, que vê o Apocalipse como catastrófico, sempre ligado a mortes e destruição apenas. Tudo isto está profetizado e irá acontecer, para que novos céus e nova terra possam ser criados por Deus e a Nova Jerusalém será a nossa morada eterna. Até lá, “Maranata” deve ser nossa oração.
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