terça-feira, 6 de abril de 2021

20. LINGUAGEM POÉTICO-MUSICAL NA QUEDA DA GRANDE CIDADE

“Nunca mais se ouvirá em seu meio / o som dos harpistas, dos músicos, / dos flautistas e dos tocadores de trombeta...” (Apocalipse 18.22a)

No texto anterior, o episódio da queda da Grande Cidade foi deixado de lado, porque era tão grande o volume da linguagem poética no Apocalipse, que deixamos para este texto posterior justamente o episódio que apresenta mais linguagem poética que os outros, talvez metade dos capítulos 17, 18 e início do 19. Após a parte profética apresentada anteriormente no texto número 17, a queda da Babilônia é descrita em forma de poesia. Para manter a beleza do texto, a linguagem poética será transcrita literalmente.

Primeiramente, houve o anúncio geral da catástrofe:

“Caiu! Caiu a grande Babilônia! / Ela se tornou habitação / de demônios / e antro de todo espírito imundo, / antro de toda ave impura / e detestável, / pois todas as nações beberam / do vinho da fúria / da sua prostituição. / Os reis da terra / se prostituíram com ela; / à custa do seu luxo excessivo / os negociantes da terra / se enriqueceram”.

Foi dado um alerta aos cristãos:

“Saiam dela, vocês, povo meu, / para que vocês não participem dos seus pecados, / para que as pragas / que vão cair sobre ela / não os atinjam! / Pois os pecados da Babilônia / acumularam-se até o céu, / e Deus se lembrou / dos seus crimes. / Retribuam-lhe / na mesma moeda; / paguem-lhe em dobro / pelo que fez; / misturem para ela uma porção dupla / no seu próprio cálice. / Façam-lhe sofrer tanto tormento / e tanta aflição / como a glória e o luxo a que ela se entregou. / Em seu coração / ela se vangloriava: / ‘Estou sentada como rainha; / não sou viúva / e jamais terei tristeza’. / Por isso num só dia / as suas pragas a alcançarão: / morte, tristeza e fome; / e o fogo a consumirá, / pois poderoso é o Senhor Deus que a julga.”

Os reis da terra, por ela corrompidos, de longe gritarão:

"‘Ai! A grande cidade! / Babilônia, cidade poderosa! / Em apenas uma hora / chegou a sua condenação!’”

Os negociantes se lamentarão:

“‘Ai! A grande cidade, / vestida de linho fino, / de roupas de púrpura / e vestes vermelhas, / adornada de ouro, / pedras preciosas e pérolas! / Em apenas uma hora, / tamanha riqueza / foi arruinada!’”

Pilotos, passageiros, marinheiros dos navios, os que ganham a vida no mar chorando gritarão:

“‘Ai! A grande cidade! / Graças à sua riqueza, / nela prosperaram /
todos os que tinham / navios no mar! / Em apenas uma hora / ela ficou em ruínas! / Celebrem o que se deu com ela, ó céus! / Celebrem, ó santos, apóstolos / e profetas! / Deus a julgou, retribuindo-lhe / o que ela fez a vocês’”.

Uma grande pedra de moinho foi teatralmente lançada ao mar e o anjo disse:

“Com igual violência / será lançada por terra / a grande cidade / de Babilônia, / para nunca mais / ser encontrada.”

O ruído das atividades normais de todas as cidades lá nunca mais existirá:

“Nunca mais se ouvirá em seu meio / o som dos harpistas, dos músicos, / dos flautistas e dos tocadores / de trombeta. / Nunca mais se achará dentro de seus muros / artífice algum, de qualquer profissão. / Nunca mais se ouvirá em seu meio / o ruído das pedras de moinho. / Nunca mais brilhará dentro de seus muros / a luz da candeia. / Nunca mais se ouvirá ali / a voz do noivo e da noiva. / Seus mercadores eram / os grandes do mundo. / Todas as nações / foram seduzidas / por suas feitiçarias. / Nela foi encontrado sangue / de profetas e de santos, / e de todos os que foram assassinados /
na terra”.

No início do capítulo 19, há um poema final refletindo a repercussão da queda nos céus:

“Aleluia! / A salvação, a glória e o poder / pertencem ao nosso Deus, / pois verdadeiros e justos / são os seus juízos. / Ele condenou / a grande prostituta / que corrompia a terra / com a sua prostituição. / Ele cobrou dela o sangue / dos seus servos”.

Encerrando o louvor celestial, ouve-se a exclamação:

“Aleluia! /A fumaça que dela vem, / sobe para todo o sempre”.

A poesia fazia parte da literatura judaico-israelita, assim como praticamente de todas as literaturas humanas, por mais remotas que fossem. Há diferenças entre a poesia do Apocalipse e a nossa poesia ocidental, principalmente a luso-brasileira; cada língua lida com sua linguagem poética de forma diferente. O uso da barra transversal (/) na transcrição dos versos foi para poupar espaço, já que cada verso normalmente ocupa uma linha. A Bíblia está cheia de poesia. Seja em forma de poema judaico-israelita, seja na forma de prosa poética, desde o Gênesis até o Apocalipse, encontramos o extravasamento de alma do autor do texto bíblico.

Tenham sempre em mente e nos corações a esperança que o livro de Apocalipse deve nos infundir, diferentemente daquilo que acontece com o mundo em geral, que vê o Apocalipse como catastrófico, sempre ligado a mortes e destruição apenas. Tudo isto está profetizado e irá acontecer, para que novos céus e nova terra possam ser criados por Deus e a Nova Jerusalém será a nossa morada eterna. Até lá, “Maranata” deve ser nossa oração. 

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