quarta-feira, 31 de março de 2021

18. ACABOU O APOCALIPSE: E AGORA? INTERLÚDIO

“Eis que venho em breve! Feliz é aquele que guarda as palavras da profecia deste livro” (Apocalipse 22.7). 

Entre os capítulos 10 e 14 do Apocalipse acontece um interlúdio, um intervalo na sequência dos conjuntos dos sete (sete selos, trombetas e taças), mais precisamente entre as trombetas e as taças. Oe eventos não foram anteriormente comentados e vamos procurar juntá-los em um único texto.

João é desafiado a pegar um livrinho aberto na mão do anjo e comê-lo: após ter comido o livrinho, João afirma: “Ele me pareceu doce como mel em minha boca; mas, ao comê-lo, senti que o meu estômago ficou amargo”. O anjo então lhe diz: “É preciso que você profetize de novo acerca de muitos povos, nações, línguas e reis”.

Outro anjo dá a João ordem para medir o templo de Deus, o altar e contar os adoradores que lá estivessem. Em seguida, aparecem duas testemunhas a quem foi dado poder para testemunharem na cidade santa durante 42 meses, ou 1.260 dias, vestidas de pano de saco. Elas tinham poder: para que não chovesse durante o tempo da profecia; para transformarem a água em sangue; para ferir a terra com pragas. Ao terminarem o testemunho, a besta que vem do Abismo atacará as testemunhas, vai vencê-las e matá-las, ficando os cadáveres expostos na rua principal da grande cidade; durante três dias e meio, gente de todos os povos, tribos, línguas e nações contemplarão os seus cadáveres e não permitirão que sejam sepultados. Haverá grande alegria entre os homens pelas mortes, pois os dois profetas haviam atormentado os que habitam na terra. Após o tempo estipulado, um sopro de vida da parte de Deus soprará neles, fazendo-os ficarem em pé e causando grande terror em quem viu. Eles subirão para os céus numa nuvem e, naquela hora, haverá um forte terremoto: um décimo da cidade ruirá, sete mil pessoas serão mortas no terremoto e os sobreviventes ficarão aterrorizados e darão glória ao Deus dos céus.

Apareceu no céu uma mulher simbolicamente descrita, grávida e em vias de dar à luz. De outro lado, um enorme dragão vermelho, também simbolicamente descrito, colocou-se diante da mulher para devorar o seu filho no momento em que nascesse. Nascido o menino, um homem “que governará todas as nações com cetro de ferro”, ele foi arrebatado para junto de Deus e a mulher fugiu para o deserto, para ser sustentada por Deus por 1.260 dias.

Houve uma guerra nos céus: Satanás, o grande dragão, foi lançado fora do paraíso para a terra. Começou então ele a perseguir a mulher que dera à luz o menino; ela recebeu duas asas para poder voar para o abrigo no deserto; nem um rio de água que a serpente fez jorrar da sua boca conseguiu detê-la. Irado contra a mulher, o dragão saiu para guerrear contra sua descendência, os seguidores de Cristo.

Aparecem duas bestas, uma saindo do mar e outra subindo da terra, ambas simbolicamente descritas. Uma das sete cabeças da primeira besta parecia ter sofrido um ferimento mortal, mas ela foi curada. O dragão deu à primeira besta poder, trono e autoridade. A besta falava palavras arrogantes e blasfemas e teve autoridade para agir durante 42 meses. Ela blasfemou contra Deus e amaldiçoou o seu nome e o seu tabernáculo; guerreou contra os santos e os venceu, com autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação. Os que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro adorarão a besta. A outra besta, a da terra, tinha dois chifres como cordeiro, mas falava como dragão. Com a autoridade e em nome da primeira besta, ela realizava grandes sinais, fazendo descer fogo do céu à terra à vista dos homens e enganando-os. A segunda besta ordenou que os homens fizessem uma imagem à primeira besta e deu fôlego a ela; a imagem podia falar e matar os que se recusassem a adorá-la. Todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, foram obrigados a receber na mão direita ou na testa certa marca, que é representado por um número de homem: 666.

Aparecem novamente os 144.000 já antes mencionados, juntamente com o Cordeiro, em pé, sobre o monte Sião; eles traziam escritos na testa os nomes do Cordeiro e de seu Pai. Um cântico novo foi entoado diante do trono, o qual somente os 144.000 podiam aprender. Há uma descrição simbólica do grupo.

Finalmente, aparece alguém “semelhante a um filho de homem”, com uma coroa de ouro na cabeça e uma grande foice afiada na mão; um anjo lhe diz que ele deve fazer a colheita, pois a safra da terra está madura. O ser passou sua foice pela terra e ceifou-a. Outro anjo aparece trazendo também uma foice menor afiada e tem ordem de realizar uma segunda colheita, ajuntando os cachos de uva da videira da terra, porque as suas uvas estão maduras. O anjo passou a foice pela terra, ajuntou as uvas e as lançou no grande lagar da ira de Deus; elas foram pisadas no lagar, fora da cidade, e correu sangue do lagar, chegando ao nível dos freios dos cavalos, numa distância de cerca de trezentos quilômetros.

Após toda essa rápida exposição, muitas perguntas devem ter surgido, como por exemplo: Por que João teve que comer o livrinho? Afinal, quem são as duas testemunhas? Que representam a mulher grávida e seu filho? Que simbolizam as duas bestas, a do mar e a da terra? Que representam as duas colheitas do final do texto? Nossa tentativa de entender o Apocalipse termina aqui, mas esperamos que todas as dúvidas levem os leitores a procurarem ler o livro na íntegra, bem como comentários a seu respeito. Existem bênçãos reservadas para quem assim o fizer. Eu já as estou recebendo; e você?

terça-feira, 30 de março de 2021

17. HÁ DE ACONTECER: NOVA JERUSALÉM


“Então vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado, e o mar já não existia. Vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém... (Apocalipse 21.1-2a)

O final do denso texto anterior declara que “a terra e o céu já não mais existiam e o lago de fogo recebeu a morte e o Hades, pois não havia mais necessidade deles”. O presente texto nos leva finalmente para a renovação de todas as coisas, começando pela Nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus, “preparada como uma noiva adornada para o seu marido”

Uma forte voz foi ouvida do trono dizendo: “Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá; eles serão o seu povo, o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus; ele enxugará dos seus olhos toda lágrima: não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou”. Deus afirma estar fazendo novas todas as coisas, em palavras “verdadeiras e dignas de confiança”.

Assim afirmou “o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim”: Quem tiver sede, beberá gratuitamente da fonte da água da vida; “o vencedor herdará tudo isto, e eu serei seu Deus e ele será meu filho”. Um alerta aos que não se arrependem: “os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos” terão lugar no lago de fogo que arde com enxofre. “Esta é a segunda morte”, a morte espiritual.

Um dos sete anjos das últimas pragas levou João em Espírito a um grande e alto monte e mostrou-lhe a Cidade Santa, Jerusalém, “que descia dos céus, da parte de Deus”. A descrição da cidade é bastante simbólica: Ela resplandecia com a glória de Deus, seu brilho era como o de uma joia muito preciosa; era cercada de um grande e alto muro, com doze portas e doze anjos junto a elas; nelas estavam escritos os nomes das doze tribos de Israel; havia três portas em cada um dos quatro lados da cidade. Doze fundamentos serviam de base para o muro da cidade e neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. Nas doze portas e nos doze fundamentos dos muros, Israel e a Igreja estão representados.

Uma vara feita de ouro foi usada para medir a cidade, suas portas e seus muros. Ela era quadrangular, com comprimento e largura iguais; foram medidos dois mil e duzentos quilômetros de comprimento, de largura e de altura: as medidas revelaram um cubo, logicamente simbólico. O muro mediu sessenta e cinco metros de espessura, simbolicamente feito de jaspe, sendo a cidade de ouro puro, semelhante ao vidro puro. Pedras preciosas ornamentavam os fundamentos dos muros da cidade: jaspe, safira, calcedônia, esmeralda, sardônico, sárdio, crisólito, berilo, topázio, crisópraso, jacinto e  ametista. Cada uma das doze portas era feita de uma única pérola. A rua principal da cidade era de ouro puro, como vidro transparente.

Não havia templo algum na cidade, pois o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo.  Não são necessários sol e lua, pois a glória de Deus a ilumina e o Cordeiro é a sua candeia.  Nações e reis lhe entregarão a sua glória. “Suas portas jamais se fecharão de dia, pois ali não haverá noite”. Jamais entrará nela algo impuro ou alguém que pratique o que é vergonhoso ou enganoso, “mas unicamente aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro”.

O rio da água da vida, claro como cristal, fluía do trono de Deus e do Cordeiro no meio da rua principal da cidade. De cada lado do rio estava a árvore da vida, cujas folhas servem para a cura das nações, com doze frutos por ano. Não haverá mais maldição nenhuma. O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o servirão; eles verão a sua face e o seu nome estará em suas testas. O Senhor Deus será a sua luz e eles reinarão para todo o sempre.

Finalizando a profecia, o anjo reafirma que as palavras ditas por ele são dignas de confiança e verdadeiras, sendo que o Deus dos espíritos dos profetas o havia enviado para mostrar as coisas que em breve hão de acontecer. “Feliz é aquele que guarda as palavras da profecia deste livro”. João novamente é levado a adorar o anjo diante da grandeza da profecia, e volta a ser advertido: “Não faça isso! Sou servo como você e seus irmãos, os profetas, e como os que guardam as palavras deste livro. Adore a Deus!”

As palavras da profecia deste livro não devem ser seladas, “pois o tempo está próximo”. Enquanto isso, que o pecador continue pecando e que o santo continue a santificar-se. Como mensagem final, Jesus reitera sua breve volta, retribuindo a cada um de acordo com o que fez: os que lavaram suas vestes têm direito à árvore da vida e podem entrar na cidade pelas portas; os cães, os que praticam feitiçaria, os que cometem imoralidades sexuais, os assassinos, os idólatras e todos os que amam e praticam a mentira ficam de fora. Jesus, a Raiz e o Descendente de Davi, a resplandecente Estrela da Manhã, enviou o seu anjo para dar a todos este testemunho concernente às igrejas. Há, porém, uma advertência: “Se alguém lhe acrescentar algo, Deus lhe acrescentará as pragas descritas neste livro.  Se alguém tirar alguma palavra deste livro de profecia, Deus tirará dele a sua parte na árvore da vida e na cidade santa, que são descritas neste livro.

Diante de tanta grandeza de promessa e de esperança, juntamo-nos a João na oração final: “Amém. Ora vem, Senhor Jesus!” Maranata!

segunda-feira, 29 de março de 2021

16. HÃO DE ACONTECER: JULGAMENTO E CONSEQUÊNCIAS

“Vi também os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono, e livros foram abertos. Outro livro foi aberto, o Livro da Vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que tinham feito, segundo o que estava registrado nos livros” (Apocalipse 20.12). 

Os livros que serão abertos no julgamento de Deus contêm o que os seres humanos têm feito em sua vida terrena; o outro livro aberto, o Livro da Vida, registra o nome dos salvos por Cristo. 

Este é um texto bastante diversificado. Apocalipse 19.5-21 e o capítulo 20 é um texto bíblico que aborda uma meia dúzia de temas diferentes, todos ligados ao Juízo Final de Deus sobre a humanidade. Vamos aos temas.

Uma voz surge do trono, conclamando os servos de Deus, tanto pequenos como grandes, a louvarem ao Criador. Uma grande multidão então bradou: “Aleluia, pois reina o Senhor, o nosso Deus, o Todo-poderoso. Regozijemo-nos! Vamos nos alegrar e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou. Para vestir-se, foi-lhe dado linho fino, brilhante e puro”. O verso termina dizendo que o linho fino representa os atos justos dos santos. Em muitos momentos, a Igreja é chamada no Novo Testamento de “a noiva de Cristo”. Chegou finalmente o momento do casamento, ou seja, da junção de Cristo com os seus seguidores, no grande banquete do casamento do Cordeiro, para felicidade dos convidados. A parábola contada por Jesus diz que, entre dez virgens, cinco entraram porque suas lamparinas tinham azeite, e cinco perderam a festa. Você, cristão, tem procurado manter sua lamparina acesa?

Nos céus abertos surge então, diante de João, “um cavalo branco, cujo cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro”, o qual julga e guerreia com justiça. Sua descrição simbólica revela olhos são como chamas de fogo, muitas coroas em sua cabeça e um nome que só ele conhece, e ninguém mais; ele se veste com “um manto tingido de sangue, e o seu nome é Palavra de Deus”. O cavaleiro se faz acompanhar de “exércitos dos céus vestidos de linho fino, branco e puro, e montados em cavalos brancos”. Sai de sua boca “uma espada afiada, com a qual ferirá as nações”“Ele as governará com cetro de ferro,” pisando “o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso”. “Em seu manto e em sua coxa está escrito este nome: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores”.

Um anjo que estava em pé no sol clamava em alta voz a todas as aves que voavam pelo céu: “Venham, reúnam-se para o grande banquete de Deus, para comerem carne de reis, generais e poderosos, carne de cavalos e seus cavaleiros, carne de todos – livres e escravos, pequenos e grandes”. A besta, os reis da terra e os seus exércitos estavam reunidos para guerrearem contra o cavaleiro do cavalo branco e seu exército. “Mas a besta foi presa, e com ela o falso profeta que havia realizado os sinais miraculosos em nome dela, com os quais ele havia enganado os que receberam a marca da besta e adoraram a imagem dela. Os dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre”. Os demais foram mortos com a espada que saía da boca do cavaleiro, “e todas as aves se fartaram com a carne deles”.

Um anjo com a chave do Abismo e uma grande corrente prendeu o dragão (a antiga serpente, o Diabo, Satanás) e o acorrentou por mil anos; lançou-o no Abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim impedi-lo de enganar as nações, até que terminasse o milênio. Ele será solto por pouco tempo depois disso.

João vê então tronos em que se assentaram os que têm autoridade para julgar. Ele avista também as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, que não tinham adorado a besta nem a sua imagem nem tinham recebido a sua marca na testa ou nas mãos. Eles ressuscitaram e reinaram com Cristo durante mil anos (foi a primeira ressurreição). O restante dos mortos somente será ressuscitado após o milênio.  Os que participam da primeira ressurreição são felizes e santos, pois a segunda morte (morte espiritual) não tem poder sobre eles. Eles serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele durante mil anos.

No final do milênio, Satanás será solto da sua prisão e sairá para enganar todas as nações da terra, bem como a Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a batalha. No livro de Ezequiel, Gogue e Magogue são nomes simbólicos dados às nações que se rebelam contra Deus e são hostis ao seu povo. O número de integrantes desse exército é incontável como a areia do mar. Na batalha, as nações marcharam por toda a superfície da terra e cercaram o acampamento dos santos, a cidade amada, mas um fogo desceu do céu e as devorou. Satanás, o enganador, foi lançado no lago de fogo que arde com enxofre, onde já haviam sido lançados a besta e o falso profeta; eles serão atormentados dia e noite, para todo o sempre.

Acontece finalmente o julgamento de Deus diante do grande trono branco. A terra e o céu já não mais existiam. Os que haviam morrido, grandes e pequenos, estavam em pé diante do trono. O mar, a morte e o Hades entregaram os mortos que neles havia e livros foram abertos. Foi também aberto o livro da vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que tinham feito, segundo o que estava registrado nos livros. O lago de fogo recebeu aqueles cujos nomes não foram encontrados no livro da vida, bem como a morte e o Hades: não havia mais necessidade deles, pois finalmente a morte fora tragada na vitória.

domingo, 28 de março de 2021

15. HÃO DE ACONTECER: QUEDA DA GRANDE CIDADE

“Depois disso vi outro anjo que descia dos céus. (...) E ele bradou com voz poderosa: ‘Caiu! Caiu a grande Babilônia!’” 

(Apocalipse 18.1-2)

Após o sétimo anjo ter derramado a sua taça no ar provocando grande cataclismo na terra e anunciando a chegada do julgamento divino, no capítulo 16, um dos anjos disse a João: “Venha, eu lhe mostrarei o julgamento da grande prostituta...” Levado pelo Espírito ao deserto, João viu uma mulher montada numa besta vermelha; a besta estava coberta de nomes blasfemos e tinha sete cabeças e dez chifres. A mulher vista por João é outro símbolo, vestida de azul e vermelho, adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas, segurando um cálice de ouro, cheio de coisas repugnantes e da impureza da sua prostituição e com uma inscrição em sua testa: “Mistério: Babilônia, a grande mãe das prostitutas e das práticas repugnantes da terra”. Ela se mostra “embriagada com o sangue dos santos, o sangue das testemunhas de Jesus”.

O anjo explicou a João o mistério da mulher e da besta. As sete cabeças são sete colinas, mas também são sete reis: cinco já passaram, um ainda existe e o outro ainda não surgiu e, quando surgir, permanecerá por pouco tempo. A besta que era, e agora não é, é o oitavo rei e caminha para a perdição. Dez chifres representam dez reis que ainda não receberam autoridade como reis, mas que a receberão junto com a besta por pouco tempo. Guerrearão contra o Cordeiro, ele e os seus fiéis os vencerão. As águas são povos, multidões, nações e línguas. A besta e os dez chifres odiarão a prostituta: eles a levarão à ruína e a deixarão nua, comerão a sua carne e a destruirão com fogo, pois este é o propósito de Deus. A mulher é a grande cidade que reina sobre os reis da terra.

Depois disso, João viu outro anjo que descia dos céus bradando com voz poderosa: “Caiu! Caiu a grande Babilônia!” A seguir, em linguagem poética, o anjo mostrou a João primeiramente a decadência espiritual da grande cidade: tudo o que é imundo, impuro e detestável foi por ela abrigado, prostituindo espiritualmente todas as nações, bem como seus reis. Uma voz dos céus alertou os cristãos para que saíssem da cidade para não participarem do seu pecado e não serem atingidos pelas pragas. Em um só dia, morte, tristeza e fome alcançarão a grande cidade e o fogo a consumirá. Os reis da terra, por ela corrompidos, chorarão e se lamentarão, mas ficarão de longe com medo tormento.

Os negociantes da terra chorarão e se lamentarão porque ninguém mais compra a sua mercadoria: joias, tecidos finos e caros, peças de madeira, de marfim, de bronze, ferro e mármore, canela e especiarias, incenso, mirra e perfumes, vinho, azeite de oliva, farinha fina e trigo, bois e ovelhas, cavalos e carruagens fazem parte das perdas econômicas. Nos transportes marítimos, pilotos, passageiros, marinheiros dos navios e os que ganham a vida no mar ficarão de longe, lamentando-se e chorando. Nas atividades comuns das grandes cidades, nunca mais se ouvirá em seu meio o som dos harpistas, músicos, flautistas e tocadores de trombeta; nunca mais haverá artífice algum, de qualquer profissão; não mais se ouvirá em seu meio o ruído das pedras de moinho; a luz da candeia não brilhará mais dentro de seus muros, nem se ouvirá ali a voz do noivo e da noiva. A grandeza dos mercadores, a sedução das nações por suas feitiçarias e principalmente o sangue de profetas, de santos nela encontrado foram seus grandes pecados.

Houve regozijo nos céus, onde uma grande multidão iniciou um grandioso louvor, louvando salvação, glória e poder que pertencem a Deus e seus verdadeiros e justos juízos.

Envolto em grande simbolismo de linguagem, esta é a queda da grande cidade, chamada nesta passagem apocalíptica de Babilônia, mas já denominada profeticamente no Apocalipse de Roma, Egito e Sodoma. O que representa a queda da grande cidade? Há muitas interpretações, mas talvez a mais comum seja a identificação da cidade com Roma pelas sete colinas, tanto Roma Imperial quanto a Eclesiástica. Pessoalmente, creio que a grande cidade destruída refere-se à queda da civilização humana como um todo, principalmente no que diz respeito à perseguição aos profetas e à igreja, e principalmente pelo pecado e desvio de sua rota dos caminhos do Senhor. A geração de Caim, que tanto desenvolvimento criou, fundando cidades e lidando com tendas, rebanhos, instrumentos musicais e ferramentas de bronze e ferro (segundo os capítulos iniciais de Gênesis), também introduziu novos pecados no mundo, como a bigamia. Ela reflete toda a concupiscência humana, a busca do homem pelo prazer, a sedução do pecado. No início de Gênesis, depois que os filhos de Deus buscaram as filhas dos homens, Deus viu que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que toda a inclinação dos pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal.  Deus se arrependeu de ter feito o homem sobre a terra, vindo em decorrência disso o dilúvio. O “dilúvio” final, não mais com água, mas com as pragas da ira de Deus sobre a humanidade, está próximo. Será o fim da história humana, da terra e do universo como o conhecemos. Então teremos novo céu e nova terra. 

sábado, 27 de março de 2021

14. HÃO DE ACONTECER: 7 TAÇAS

“Vi no céu outro sinal, grande e maravilhoso: sete anjos com as sete últimas pragas, pois com elas se completa a ira de Deus” (Apocalipse 15). 

Abertas e reveladas pelos selos, anunciadas pelas trombetas, chegam finalmente as sete taças da ira de Deus, contendo as últimas pragas como parte do julgamento final. Antes do derramamento do conteúdo das taças, os que tinham vencido a besta, a sua imagem e o número do seu nome entoam a Deus o Cântico de Moisés e o Cântico do Cordeiro:

“Grandes e maravilhosas / são as tuas obras, / Senhor Deus todo-poderoso. / Justos e verdadeiros / são os teus caminhos, / ó Rei das nações. / Quem não te temerá, ó Senhor? / Quem não glorificará o teu nome? / Pois tu somente és santo. / Todas as nações virão à tua presença / e te adorarão, / pois os teus atos de justiça / se tornaram manifestos”.

Abre-se nos céus o Tabernáculo da Aliança e dele saem os sete anjos com as sete pragas. Com toda a solenidade, na presença de Deus e de todos os que estavam na sala do trono, uma forte voz vinda do santuário dizia aos anjos: “Vão derramar sobre a terra as sete taças da ira de Deus”.

O primeiro anjo derramou a sua taça pela terra, e abriram-se feridas malignas e dolorosas naqueles que tinham a marca da besta e adoravam a sua imagem.

O segundo anjo derramou a sua taça no mar, transformando-o em sangue como de um morto e matando toda criatura que vivia no mar.

“O terceiro anjo derramou a sua taça nos rios e nas fontes, e eles se transformaram em sangue”. Após a terceira taça ser derramada, ouviu-se um anjo com autoridade sobre as águas dizer: “Tu és justo, tu, o Santo, que és e que eras, porque julgaste estas coisas; pois eles derramaram o sangue dos teus santos e dos teus profetas, e tu lhes deste sangue para beber, como eles merecem”. Exercendo seu justo juízo, Deus estava punindo o derramamento do sangue dos seus servos e atendendo as almas daqueles que estavam sob o altar, na abertura do quinto selo.

O quarto anjo derramou a sua taça no sol, e ele queimou os homens com fogo. Mesmo sofrendo justo castigo, os homens amaldiçoaram o nome de Deus; contudo, recusaram arrepender-se e glorificá-lo.

O quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, deixando seu reino em trevas. Por causa de tanta agonia causada por suas dores e feridas, os homens mordiam a própria língua e blasfemavam contra o Deus dos céus; contudo, não se arrependeram das obras que haviam praticado.

“O sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates, e secaram-se as suas águas para que fosse preparado o caminho para os reis que vêm do Oriente”. João viu saírem da boca do dragão, da besta e do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs: eram espíritos de demônios, que realizam sinais miraculosos. Serão eles que irão aos reis de todo o mundo, a fim de reuni-los para a batalha do grande dia do Deus todo-poderoso. Então, os três espíritos os reunirão no lugar que, em hebraico, é chamado Armagedom.

Finalmente, o sétimo anjo derramou a sua taça no ar, e saiu do santuário uma forte voz que vinha do trono, dizendo: “Está terminado!” Relâmpagos, vozes, trovões e um forte terremoto aconteceram em seguida. O terremoto foi o mais forte desde que o homem existe sobre a terra. A grande cidade foi dividida em três partes e as cidades das nações se desmoronaram. A grande Babilônia começou a beber o cálice do vinho do furor da ira de Deus. Todas as ilhas e montanhas desapareceram. Vindas do céu, caíram sobre os homens enormes pedras de granizo, de cerca de trinta e cinco quilos cada um. Houve blasfêmia contra Deus por causa do granizo, pois a praga foi terrível, mas os homens não se arrependeram do seu pecado.

Até agora, vimos quatro conjuntos de sete elementos do livro de Apocalipse: os sete castiçais, representando as sete igrejas da Ásia receptoras das cartas; os sete selos, que lacraram e preservaram a mensagem divina dos últimos dias, abertos e revelados pelo Cordeiro; as sete trombetas, anunciando a chegada do juízo e a punição de Deus por causa do pecado do homem; as sete taças contendo as pragas de Deus sobre a terra, sobre a humanidade, e fazendo acontecer o julgamento de Deus. A queda da grande Babilônia, já anunciada anteriormente, será o tema do nosso próximo texto.   

13. HÃO DE ACONTECER: 7 TROMBETAS

 

“Quando ele abriu o sétimo selo, houve silêncio nos céus cerca de meia hora. Vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus; a eles foram dadas sete trombetas” (Apocalipse 8 1-2).

O livro selado registrou os segredos de Deus até a época de João. Os sete selos os lacraram e preservaram para a hora oportuna. Os selos abertos revelaram os acontecimentos do final dos tempos. É hora agora de anunciá-los, através das sete trombetas.

Após o oferecimento das orações dos santos sobre o altar diante do trono, representados por um incensário de ouro com muito incenso, um anjo “pegou o incensário, encheu-o com fogo do altar e lançou-o sobre a terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e um terremoto”.

Inicia-se então o toque das trombetas. “O primeiro anjo tocou a sua trombeta, e granizo e fogo misturado com sangue foram lançados sobre a terra”. Um terço da terra, das árvores e toda a relva verde se queimou.

O segundo anjo tocou a trombeta, “e algo como um grande monte em chamas foi lançado ao marUm terço do mar transformou-se em sangue, morreu um terço das criaturas do mar e foi destruído um terço das embarcações”.

Ao toque da trombeta do terceiro anjo, caiu do céu uma grande estrela chamada Absinto, queimando como tocha sobre um terço dos rios e das fontes de águas. Um terço das águas tornou-se amargo e muitos morreram por causa disso.

O quarto anjo, ao tocar sua trombeta, atingiu e escureceu um terço do sol, da lua e das estrelas, deixando um terço do dia e da noite sem luz. Notem que, até aqui, apenas o firmamento e a natureza foram atingidos, tendo as pessoas sido poupadas, não sendo diretamente atingidas, a não ser aquelas que estavam nas embarcações ou que tomaram das águas amargas. Uma águia que por ali voava dizia em alta voz: “Ai, ai, ai dos que habitam na terra, por causa do toque das trombetas que está prestes a ser dado pelos três outros anjos!”

Quando o quinto anjo tocou a sua trombeta, uma estrela que havia caído do céu sobre a terra (talvez Absinto) recebeu a chave do poço do Abismo. Quando o Abismo se abriu, subiu dele fumaça como a de uma gigantesca fornalha, que escureceu o sol e o céu. “Da fumaça saíram gafanhotos que vieram sobre a terra, e lhes foi dado poder como o dos escorpiões da terra.  Eles receberam ordens para não causar dano nem à relva da terra, nem a qualquer planta ou árvore, mas apenas àqueles que não tinham o selo de Deus na testa.  Não podiam matá-los, mas causar-lhes tormento durante cinco meses. Os gafanhotos são simbólicos e assim são descritos: pareciam cavalos preparados para a batalha, tinham coroas de ouro sobre a cabeça, seu rosto parecia humano, seus cabelos eram como os de mulher e seus dentes como os de leão. Usavam couraças de ferro e o som das suas asas era parecia o barulho de muitos cavalos e carruagens correndo para a batalha. Em suas caudas tinham ferrões como de escorpiões, com poder para causar tormento aos homens durante cinco meses. Havia um rei sobre eles, o anjo do Abismo, chamado Abadom em hebraico e Apoliom em grego. Embora fossem gafanhotos, a agonia que os homens sofreram era como a da picada do escorpião. Á semelhança do sexto selo, quando as pessoas se esconderam em cavernas e rochas das montanhas rogando para que as cobrissem e matassem, naqueles dias os homens procurarão a morte, mas não a encontrarão, desejarão morrer, mas a morte fugirá deles. Conforme anunciado pela águia, este foi o primeiro “ai”, o primeiro sofrimento, restando mais dois.

O toque da trombeta do sexto anjo anunciou o aparecimento de uma voz vinda do altar de ouro divino, dizendo ao anjo que tinha a trombeta: “Solte os quatro anjos que estão amarrados junto ao grande rio Eufrates”. Os quatro anjos, preparados para aquele momento, foram soltos para matar um terço da humanidade. Na introdução do número 144.000, referente ao Reino de Israel, quatro anjos foram colocados em pé nos quatro cantos da terra para “impedir que qualquer vento soprasse na terra, no mar ou em qualquer árvore”. O vento ali representava a ira de Deus que cairia sobre a humanidade. No final do capítulo 9, são novamente mencionados os anjos e, para matarem um terço da humanidade, muita gente, é mencionado um exército cujo número de integrantes é ouvido por João: duzentos milhões. Também neste momento da visão profética, a descrição de cavalos e cavaleiros do exército é simbólica: couraças vermelhas como o fogo, azuis como o jacinto, e amarelas como o enxofre; cabeça dos cavalos parecendo a um leão; da boca lançavam fogo, fumaça e enxofre. O poder dos cavalos estava na boca e na cauda, que eram como cobras e feriam as pessoas. O resultado disso foi a morte de um terço da humanidade por causa do fogo, da fumaça e do enxofre que saíam das suas bocas. É melancólico o final do capítulo: o restante da humanidade que não morreu por essas pragas, mas nem assim se arrependeu das obras das suas mãos, não parando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, prata, bronze, pedra e madeira, ídolos que não podem ver, nem ouvir, nem andar. “Também não se arrependeram dos seus assassinatos, das suas feitiçarias, da sua imoralidade sexual e dos seus roubos”. Há alguma semelhança com a reação da humanidade hoje, nos dias de pandemia?

A sétima trombeta somente será tocada no final do capítulo 11, anunciando a chegada das sete taças contendo as pragas da ira de Deus.

sexta-feira, 26 de março de 2021

12. HÃO DE ACONTECER: 7 SELOS

“Observei quando o Cordeiro abriu o primeiro dos sete selos. Então ouvi um dos seres viventes dizer com voz de trovão: ‘Venha!’” (Apocalipse 6.1)

A abertura dos selos começa de modo solene pelo Cordeiro. O primeiro selo trouxe um cavalo branco, cujo cavaleiro empunhava um arco, a quem foi dada uma coroa; “ele cavalgava como vencedor determinado a vencer”, afirma João em sua profecia. Comentaremos o cavaleiro do cavalo branco posteriormente.

O segundo selo revelou um cavalo vermelho e seu cavaleiro, a quem foi dada uma grande espada; ele “recebeu poder para tirar a paz da terra e fazer que os homens se matassem uns aos outros”. Este cavaleiro representa a guerra.

A abertura do terceiro selo trouxe diante de João um cavalo preto, cujo cavaleiro tinha na mão uma balança; ouviu-se uma voz vinda de entre os quatro seres viventes que dizia: “Um quilo de trigo por um denário, e três quilos de cevada por um denário, e não danifique o azeite e o vinho!” O cavaleiro do cavalo preto representa o surgimento de um tempo de fome e escassez de alimentos.

O quarto selo revelou a chegada de um cavalo amarelo, ou, como trazem algumas versões e alguns comentaristas, verde pálido, a cor de um cadáver. “Seu cavaleiro chamava-se Morte, e o Hades o seguia de perto. Foi-lhes dado poder sobre um quarto da terra para matar pela espada, pela fome, por pragas e por meio dos animais selvagens da terra”.

Tendo sido completado o número dos quatro cavaleiros do Apocalipse, voltemos ao cavalo branco. Guerra, fome e escassez de alimento, morte: são estes os significados de três dos quatro cavaleiros. O primeiro, talvez pela cor branca, que normalmente representa pureza, tem sido interpretado por alguns como simbolizando Cristo. No entanto, dado o contexto de acontecimentos funestos que os outros três representam, sou levado a crer que o cavaleiro do cavalo branco anuncia o aparecimento do Anticristo. Por que? Porque aparecerá no final do Apocalipse (191.11) um outro cavaleiro num cavalo branco, chamado pelo texto de “Fiel e Verdadeiro”, este sim plenamente identificado com Cristo, voltando triunfante para o final dos tempos. O Anticristo vai aparecer com destaque mais tarde, no capítulo 13 de Apocalipse, identificado como a Besta que emergiu do mar. Concordam muitos comentaristas que o Diabo deve ser interpretado como enganador e imitador das coisas divinas, pois, desejando ser igual a Deus, foi expulso do Paraíso. Assim sendo, tentou a Adão, prometendo que ele seria igual a Deus, conhecedor do Bem e do Mal. O diabo deseja a mesma coisa: ser como Deus.

Vamos ao quinto selo: ele revelou, debaixo do altar na sala do trono de Deus, “as almas daqueles que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que deram”, os quais clamavam em alta voz pelo julgamento de Deus, para julgar os habitantes da terra e vingar o seu sangue. A cada um foi dada uma veste branca e afirmado que esperassem um pouco mais, “até que se completasse o número dos seus conservos e irmãos, que deveriam ser mortos como eles”. Na queda da grande Babilônia, mais para o final do livro, essas almas serão atendidas.

O sexto selo trouxe um grande terremoto, com o escurecimento do sol, a lua tornando-se vermelha como sangue e as estrelas do céu caindo sobre a terra. Era o anúncio de uma catástrofe cósmica, que também apontava para o final do livro e dos tempos: o céu recolhendo-se como pergaminho e todas as montanhas e ilhas removidas de seus lugares. O fato provocou pânico geral na humanidade, atingindo a todos: reis, príncipes, generais, ricos, poderosos, escravos e livres. As pessoas se esconderam em cavernas e rochas das montanhas, gritando para que montanhas e rochas caíssem sobre elas, escondendo-as da ira de Deus e do Cordeiro. Novamente, o selo revela o que iria acontecer no final dos tempos.

O sétimo selo somente será aberto no capítulo 8, anunciando a chegada das sete trombetas. Antes, porém, no capítulo 7, temos a introdução de um número interessante: 144.000 pessoas que, segundo o texto, deveriam ser seladas na testa como servos do nosso Deus (sendo 12.000 de cada tribo de Israel, mencionadas nominalmente) e, enquanto o selo não acontecesse, quatro anjos foram colocados em pé nos quatro cantos da terra para “impedir que qualquer vento soprasse na terra, no mar ou em qualquer árvore”. O vento aí implica em castigo de Deus, parte das pragas que cairão sobre a humanidade. Os 144.000 serão poupados de sofrerem a ira de Deus. O grupo novamente será mencionado no final do livro e nos tempos do fim.  

O capítulo termina com o louvor de “uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé, diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas e segurando palmas”. Ao coro da multidão de vestes brancas juntam-se os quatro seres viventes e os anciãos. Os que estão vestidos de branco são identificados como “aqueles que vieram da grande tribulação e lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro”. Que Deus mantenha a nossa fé para participarmos desse coro!

11. AS COISAS QUE HÃO DE ACONTECER: LIVRO SELADO

“Então vi na mão direita daquele que está assentado no trono um livro em forma de rolo, escrito de ambos os lados e selado com sete selos” (Apocalipse 5.1).

Diante de João estava uma porta aberta no céu e uma voz o convidou: “Suba para cá, e lhe mostrarei o que deve acontecer depois dessas coisas”. As coisas eram as que João havia visto e as que são, ou seja, o Filho de Deus revelado e as mensagens por ele enviadas através do profeta às sete igrejas da Ásia. João é agora convidado a ver as coisas que há de acontecer, ou seja, as coisas do final dos tempos.  
João se viu inicialmente numa sala, onde havia um trono no céu com alguém nele assentado. A descrição do ocupante do trono e dos seus arredores é simbólica: um ser semelhante a jaspe e sardônio e um arco-íris como esmeralda circundando o trono. Vinte e quatro anciãos também assentados em tronos, vestidos de branco e com coroas de ouro na cabeça, circundavam o trono principal. Dele saíam relâmpagos, vozes e trovões e diante dele estavam acesas sete lâmpadas de fogo, os sete espíritos de Deus. Algo parecido com um mar de vidro, claro como cristal, estava diante do trono. Ao redor dele, havia ainda quatro seres viventes também simbolicamente descritos: um semelhante a leão, outro a boi, o terceiro com rosto de homem e o último semelhante a águia em voo. Os seres viventes louvavam exaltando ao Deus todo-poderoso, ao louvor se juntando os vinte e quatro anciãos, prostrados diante do ocupante do trono e adorando-o como alguém digno de receber a glória, a honra e o poder por ter criado todas as coisas.
No cenário acima descrito, João viu um livro em forma de rolo, escrito de ambos os lados e selado com sete selos que estava na mão direita de Deus, o ocupante do trono. Ninguém é achado digno de romper os selos e de abrir o livro, ou mesmo de olhar para ele, fato que provoca em João uma emoção que o leva às lágrimas. Um dos anciãos então anuncia: “Não chore! Eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos”.
Olhando bem, João viu um Cordeiro, “que parecia ter estado morto, em pé, no centro do trono, cercado pelos quatro seres viventes e pelos anciãos”, figurando Jesus Cristo, descrito também simbolicamente como tendo sete chifres e sete olhos (poder e visão completos), dados pelos sete espíritos de Deus (o pleno Espirito de Deus). O Cordeiro se aproximou e recebeu o livro da mão direita de Deus e, ao fazê-lo, iniciou-se novo louvor dos quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos, prostrados diante do Cordeiro, cada um com harpa e taça de ouro cheia de incenso na mão, taça essa que representava as orações dos santos.

Há muita coisa simbólica no Apocalipse, às vezes interpretadas pelo próprio texto, às vezes deixadas para nossa interpretação. Esses símbolos não devem servir de barreira para que procuremos entender a mensagem profética, porque há promessa de bênção para quem o fizer.

Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes cantavam, exaltando a dignidade do Cordeiro de receber o livro e de abrir os seus selos, pois ele havia sido morto e, com seu sangue, comprado para Deus gente de toda tribo, língua, povo e nação, pessoas que foram constituídas como sacerdotes para o nosso Deus, que reinarão sobre a terra com Deus no final dos tempos. Quem são essas pessoas? Os salvos pelo sangue de Cristo Jesus de todos os tempos, ou seja, os cristãos. Eles cantavam e, no seu cântico, a nossa participação está incluída!
Ao louvor dos quatro seres viventes e dos vinte e quatro anciãos juntou-se a voz de milhares de milhares e milhões de milhões de anjos, que rodeavam o trono, louvando a dignidade do Cordeiro de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor! juntam-se ainda ao coro “todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há”. É interessante notar-se como muitas das mensagens dos louvores do Apocalipse também são cantadas, com as necessárias adaptações à métrica das melodias modernamente compostas, nas nossas igrejas. Veja, por exemplo, esta:

“Àquele que está assentado / no trono / e ao Cordeiro / sejam o louvor, a honra, / a glória e o poder, / para todo o sempre!”

Ao louvor inicial dos quatro seres viventes e dos anciãos, acrescido pela multidão de anjos e mais ainda, pelo louvor de “todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há”, devemos nós também, os que aguardamos a volta de Cristo, nos prostrarmos e adorarmos àquele que criou todas as coisas e ao seu Filho, o Cordeiro que tira o pecado do mundo, pela salvação, pelas bênçãos que nos são concedidas e pela esperança da vida eterna em nós plantada, a qual ansiamos ver completada, num futuro não muito distante.

quinta-feira, 25 de março de 2021

10. APOCALIPSE: AS COISAS QUE ERAM E AS QUE SÃO

“Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer” (Apocalipse 1.19). 

Vamos iniciar assumindo: há um aparente pleonasmo no título, já que “Apocalipse”, termo grego, significa “revelação”. Como os termos assumiram ao longo do tempo sentidos distintos, nós o escolhemos.

João foi desafiado a escrever de acordo com três tipos diferentes de coisas: as que tens visto (capítulo 1), as que são (capítulos 2 e 3) e as que hão de acontecer (capítulos 4 a 22). São as três partes do Apocalipse que nortearão nosso estudo. A Bíblia de Estudos NVI – Arqueologia apresenta três temas presentes no livro: Deus está no controle, Jesus voltará e a salvação é para todos os que a receberem. João recebeu a revelação do Apocalipse do próprio Senhor Jesus Cristo quando esteve exilado na ilha de Patmos por pregar o evangelho. O livro foi escrito no final do século I.

As coisas que eram que João tinha visto resumem-se na revelação do Senhor Jesus, que aparece como alguém semelhante ao Filho do Homem descrito de forma muito singular, com características bastante simbólicas. A visão de Cristo já mostra no primeiro capítulo o prenúncio de sua segunda vinda e o estabelecimento definitivo do Reino de Deus, fato que conclui o livro.

Há muitos mistérios no livro, sendo o primeiro o das sete estrelas e dos sete castiçais de ouro, revelado pelo Salvador: as estrelas são os anjos das sete igrejas e os castiçais são as sete igrejas.

As coisas que são vistas por João referem-se às sete igrejas da Ásia Menor, o primeiro conjunto de sete do livro, os sete candeeiros. Elas são nomeadas como Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia. Sem entrar em detalhes, em cada uma das cartas Cristo faz seu comentário elogiando, condenando e corrigindo atitudes de cada igreja. Há igrejas mais elogiadas do que condenadas; há outras com mais condenação do que elogio; uma igreja foi apenas elogiada, sem condenação: a de Filadélfia; outra foi apenas condenada, sem nenhum elogio: a de Laodiceia. Foi justamente esta igreja que recebeu de Cristo a seguinte mensagem: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo”. Na minha opinião, esta é uma das mais melancólicas das mensagens bíblicas: o Senhor Jesus, aquele que prometeu edificar a sua igreja de modo que as portas do inferno não prevalecessem sobre ela, está fora da porta da Igreja de Laodiceia e bate, querendo entrar. É interessante observar-se que há sempre uma expectativa de arrependimento e mudança de vida, mesmo neste verso. “Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta” indica que há sempre a esperança de que haja arrependimento e mudança de vida, mesmo para aqueles cuja atitude levou o Salvador a declarar “porque você é morno, não é frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca”.

As sete cartas do Apocalipse sempre contêm uma mesma estrutura: introdução do emissor, o Senhor Jesus, sempre apresentado de forma diferente; comentário contendo elogio aos pontos fortes da igreja; censura e condenação dos pontos fracoscorreção de rumo, com sugestão de ações positivas; promessa aos que persistirem na luta. O período das cartas era historicamente muito difícil, de perseguição por parte do imperador romano Domiciano; o próprio João estava preso por isso. No entanto, a promessa final à igreja, mesmo à pior delas, era sempre positiva. Ao vencedor sempre há bênçãos prometidas. A Laodiceia, por exemplo, Cristo diz através de João: “Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono”. Invariavelmente, a mensagem final alerta: “Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas”. Parece um paradoxo dizer a quem tem ouvidos para que ouça; no entanto, ouvir aí implica também em atender, e não é qualquer voz que deve ser ouvida e atendida, mas a do Espírito Santo, o Consolador que estaria presente individual e coletivamente na vida dos seguidores. Temos usado os nossos ouvidos para ouvir e atender o que o Espírito de Deus nos tem dito?

Estas são as coisas que João viu e as que são, as duas primeiras partes do estudo do Apocalipse em seus três primeiros capítulos. A parte mais importante do livro se refere às coisas que hão de acontecer, contidas no capítulo 4 até o final do livro, assunto para os próximos textos.

 

domingo, 21 de março de 2021

9. PROFECIAS DE DANIEL: AS ESCATOLÓGICAS

“No primeiro ano de Belsazar, rei da Babilônia, Daniel teve um sonho, e certas visões passaram por sua mente, estando ele deitado em sua cama” (Daniel 7.1).

Analisamos no texto anterior a visão escatológica de Nabucodonosor da grande estátua destruída pela pedra. A parte mais importante das profecias escatológicas de Daniel, porém, está na segunda metade do livro, dos capítulos 7 a 12.

A primeira profecia aparece em Daniel 7: é a visão dos quatro animais e o Ancião de dias. Quatro animais saíam do mar; o primeiro era um leão com asas de águia, ao qual foram arrancadas as asas e recebeu a mente de homem; o segundo era um urso com três costelas na boca que recebeu ordem de sair para comer carne; o terceiro animal era um leopardo com quatro cabeças e quatro asas ao qual foi dado domínio; o quarto animal era terrível e muito forte, tinha dez chifres e destruía tudo pela frente. Esta visão tem ligação com o sonho de Nabucodonor, representando os quatro reinos já mencionados: o leão (cabeça da estátua) era a Babilônia; o urso (tronco da estátua) era a Medo-Pérsia; o leopardo (seu quadril) era a Grécia; o animal terrível (suas pernas e pés) representava Roma. Os dez chifres representavam diferentes imperadores de Roma, sendo que surge um chifre pequeno que derruba três outros chifre, com olhos e boca de homem e sugere o reino do anticristo. Um Ancião de dias assenta-se num tribunal, mata o animal dos chifres e retira o poder dos outros animais. Alguém como o Filho do Homem então recebe o domínio eterno e indestrutível, a glória e o reino sobre todas as nações: é o reino de Jesus Cristo, o Reino de Deus.

visão do carneiro, do bode e do pequeno chifre vem a seguir. Um carneiro com dois chifres, sendo um maior que o outro, dava marradas para o Ocidente, para o Norte e para o Sul e nenhum animal o podia resistir. Um bode vem do Ocidente, com um grande chifre entre os olhos. Ao chegar perto do carneiro, o bode quebra os dois chifres do carneiro e o vence. Ele engrandeceu-se muito e ninguém o podia vencer, mas teve seu chifre quebrado e, em seu lugar, nasceram outros quatro chifres; de um destes chifres nasceu um pequeno chifre, que cresceu até chegar ao exército dos céus, teve o domínio sobre os exércitos e prosperou em tudo que fez.  Ele desafiou o príncipe do exército, suprimiu o sacrifício diário oferecido a ele e destruiu o local do santuário. Uma conversa entre anjos revela que aquela profanação durará até duas mil e trezentas tardes e manhãs. Gabriel interpreta a visão para Daniel, revelando que carneiro é o reino Medo-Persa e o bode é o rei da Grécia; o chifre entre os olhos é Alexandre Magno e os quatro chifres que o substituíram são seus quatro generais sucessores. O chifre pequeno que cresceu pode representar Antíoco IV ou até o Anticristo.

visão das setenta semanas a seguir também é revelada a Daniel por Gabriel e talvez seja a mais conhecida e de difícil interpretação. As setenta semanas representam o tempo decretado para o povo de Daniel “e sua santa cidade a fim de acabar com a transgressão, dar fim ao pecado, expiar as culpas, trazer justiça eterna, cumprir a visão e a profecia, e ungir o santíssimo”. O ponto inicial do período é a promulgação do decreto que manda restaurar e reconstruir Jerusalém e o seu término será “até que o Ungido, o líder, venha”. O período é separado em sete semanas e sessenta e duas semanas, após o que “o Ungido será morto, e já não haverá lugar para ele; a cidade e o Lugar Santo serão destruídos pelo povo do governante que virá”. O fim virá como uma inundação, com guerras até o fim e desolações. O governante que virá fará uma aliança com muitos durante uma semana, no meio da qual ele dará fim ao sacrifício e à oferta; numa ala do templo será colocado o sacrilégio terrível, até que chegue sobre ele o fim que lhe está decretado”.

Citamos vários trechos em linguagem bíblica, já que é difícil se estabelecer um consenso sobre o significado da visão. O Ungido aparece em outras versões bíblicas como o Messias e deve referir-se a Cristo; o Governante que virá pode representar o Anticristo do final dos tempos. Apesar da dificuldade de interpretação, as 70 Semanas de Daniel acabaram sendo a profecia do livro com maior número de interpretações, usada mesmo por alguns ao longo da história para definir datas específicas para a volta de Cristo. A semana pode aí representar ano; na verdade, a profecia foi dada a Daniel no final do cativeiro babilônico que, historicamente, durou setenta anos. Reconstrução de Jerusalém e do Templo, vinda do Messias, seu sacrifício são fatos históricos já ocorridos. Outros eventos sugeridos na visão também fazem parte de outras profecias e vão aparecer com mais detalhes no Apocalipse.

O profeta não entendeu muita coisa que lhe foi revelada, quis saber mais do intérprete Gabriel, mas foi por ele aconselhado: “Quanto a você, siga o seu caminho até o fim. Você descansará e, então, no final dos dias, você se levantará para receber a herança que lhe cabe”. Daniel desfaleceu quando quis ir além das suas forças. Descansemos também nós na certeza de que, como o profeta, nunca seremos capazes de entender tudo em uma profecia, a não ser quando deixarmos de olhar para a realidade espiritual como uma imagem no espelho e a vejamos diretamente, na glória celestial. 

8. PROFECIAS DE DANIEL: AS HISTÓRICAS

“Daniel, contudo, decidiu não se tornar impuro com a comida e com o vinho do rei, e pediu ao chefe dos oficiais permissão para se abster deles” (Daniel 1.8).

Cerca de seis séculos antes de Cristo viveu Daniel, um jovem que, ainda na adolescência, foi levado cativo para a Babilônia. O Reino de Judá esteve no cativeiro babilônico de 606 a.C. a 536 a.C., tendo Daniel permanecido na Babilônia todo esse período, convivendo com o domínio babilônico e com o medo-persa. Durante praticamente todo esse tempo deve ter servido na corte de Nabucodonor, Naborido (embora não mencionado no livro), Belsazar, Ciro e Dario.

O historiador judaico Flávio Josefo apresenta Daniel como um israelita de descendência nobre real que, junto aos exilados, foi levado para a Babilônia por Nabucodonosor, no terceiro ano de Joaquim. Os demais conhecimentos que temos sobre ele provêm do livro que leva o seu nome, escrito na década de 530 a.C., contendo doze capítulos. No livro, os seis primeiros capítulos são mais voltados para a realidade da corte babilônica, e os seis últimos são proféticos e escatológicos. Este texto refere-se aos seis primeiros.

As profecias escatológicas de Daniel sobre o final dos tempos começam com o capítulo 2, onde se relata o sonho de Nabucodonosor com uma grande estátua feita de cinco materiais diferentes; a parte escatológica do sonho está na grande pedra que aparece no final. No capítulo 7 temos o sonho de Daniel com quatro animais, sendo o último aterrorizante; o oitavo nos traz a visão de Daniel do Carneiro e o Bode, já no reinado de  Belsazar; o nono relata a visão das 70 semanas; do décimo ao último, temos as visões do tempo do fim, com o homem vestido de linho, os reis do Sul e do Norte e a angústia e tribulação dos tempos do fim.

O nome Daniel tem origem hebraica e significa “Deus é meu juiz”. juntamente com Daniel, foram levados cativos três amigos. Era costume os cativos terem seus nomes mudados usando vocábulos babilônicos; assim sendo, os nomes dos amigos passaram a ser: Hananias se chamou Sadraque, Misael foi mudado para Mesaque e Azarias foi conhecido como Abedênego. Os nomes no mundo antigo eram significativos e em geral enalteciam os deuses dos diferentes reinos. Daniel também teve seu nome mudado para Beltessazar, que significa “que Baal proteja o rei”. Apesar da mudança de nome havida, ele continuou e continua sendo conhecido como “Deus é meu juiz”, ou seja, Daniel. Já os seus amigos... Não se sabe se Daniel voltou à Terra Prometida com o retorno do povo ou se foi enterrado na Babilônia.

O Livro de Daniel é chamado por muitos de o Apocalipse do Antigo Testamento, tantas são as revelações sobre os tempos do fim, as quais ajudam a interpretar muitas profecias do livro de Apocalipse. Começa, como afirmamos, com o capítulo 2, relatando a imagem do sonho de Nabucodonosor. A cabeça da estátua era de ouro, representando o reino da Babilônia; os braços e o peito de prata simbolizavam o reino da Medo-Pérsia que viria a seguir; o ventre e os quadris de bronze aludiam ao império grego; as pernas de ferro e os pés de ferro e barro apontavam para o Império Romano. Apenas a Babilônia era presente no momento da narrativa bíblica; os demais reinos eram futuros e, portanto, proféticos. A grande pedra, que é cortada sem auxilio de mãos e que destrói a estátua e se transforma numa grande montanha que cobre toda a Terra, é o que torna esse sonho de um rei pagão escatológico: afirma Daniel interpretando o significado da grande pedra: “Na época desses reis, o Deus dos céus estabelecerá um reino que jamais será destruído e que nunca será dominado por nenhum outro povo. Destruirá todos os reinos daqueles reis e os exterminará, mas esse reino durará para sempre”. A interpretação de Daniel nos remete ao final dos tempos, após o julgamento das nações, com a vinda definitiva do Reino de Deus.

As histórias vividas por Daniel e seus companheiros são muito conhecidas de todos e vamos aqui somente mencioná-las. Seus três amigos na fornalha, o banquete de Belsazar com a mão escrevendo na parede, a cova dos leões, são eventos bíblicos, edificantes, mas nada têm a ver com a escatologia. Nos seis primeiros capítulos do livro, apenas o sonho de Nabucodonosor interpretado por Daniel tem ligação com o final dos tempos e, mesmo assim, apenas na figura da pedra que reduziu a estátua em pó. Realmente, as profecias escatológicas apontam para um final dos tempos nos quais a pedra da esquina, que representa Cristo, tornada muito maior para abarcar a ideia do Reino de Deus, tornará em pó todas as realizações humanas, individuais e coletivas, com a vinda dos novos céus e nova terra. Nesse reino, conforme afirma Paulo em 1 Coríntios, “é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: ‘A morte foi destruída pela vitória’”.

quarta-feira, 17 de março de 2021

7. JESUS PROFETIZA SUA SEGUNDA VINDA

“Jesus respondeu: ‘Cuidado, que ninguém os engane.  Pois muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo! e enganarão a muitos’” (Mateus 24.4-5).

Após responder à pergunta dos discípulos sobre a destruição de Jerusalém e do templo, Jesus   começou a profetizar sobre sua segunda vinda a este mundo, no final dos tempos, época futura para os discípulos e também para nós. Vamos conhecer os pontos mais importantes da profecia.  

Inicialmente, Jesus alertou sobre o aparecimento de falsos profetas, que viriam em seu nome enganando a muitos; Jesus avisou os discípulos para que não os seguissem. Será que já temos falsos profetas pregando em nome de Cristo e alguns dizendo ser o próprio Cristo nos dias atuais?

Guerras, rebeliões e rumores de guerras também foi um tema abordado por Cristo, com o levantamento de nações e reinos uns contra os outros. Isto lhes soa familiar nos nossos dias?

Catástrofes mundiais, como fomes, terremotos e pestes em vários lugares, foram mencionadas por Jesus Cristo, junto com o alerta de que ainda não é o fim, mas sim “o início das dores. Temos ouvido falar dessas coisas pelo noticiário de hoje?

perseguição à Igreja também foi profetizada pelo Senhor, quando muitos seriam entregues para serem presos e até condenados à morte, sendo odiados por todas as nações por sua causa. O comparecimento diante de autoridades, como reis e governadores, por causa do evangelho será para todos uma oportunidade de dar testemunho, não devendo os que por isso passarem se preocupar com o que dizer, pois o Espírito lhes dará “palavras e sabedoria a que nenhum dos adversários será capaz de resistir ou contradizer”. Já estamos vendo tais coisas ocorrerem no mundo e no nosso país?

traição e o ódio seriam características do final dos tempos, quando a fé  escandalizaria a muitos que passarão a odiar os cristãos; a traição viria de pais, irmãos, parentes e amigos, entregando alguns à morte.  Jesus conforta seus discípulos de que serão preservados por Deus, devendo perseverar para obterem a vida. O aumento da maldade causaria o esfriamento do amor de muitos pela causa do evangelho. Já existem evidências da ocorrência dessas coisas? 

Sinais no firmamento e na terra aconteceriam no final dos tempos:  escurecimento do sol e da lua, queda de estrelas do céu, abalo dos poderes celestes, bem como nações em angústia e perplexidade na terra, bramido e agitação do mar, homens desmaiando de terror, apreensivos com o que estaria sobrevindo ao mundo. Parece que estamos começando a ver coisas assim acontecendo. Tudo isso prepara para uma grande tribulação, “como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá”. Aqueles dias serão abreviados por causa dos eleitos, afirmou Jesus. 

evangelho sendo pregado em todo o mundo é algo que nos chama a atenção e foi profetizado por Cristo para que o fim viesse. Nos dias apostólicos, o evangelho começava a ser pregado; nos nossos dias, principalmente a partir da segunda metade do século XX, os noticiários mostram sinais disso nos esportes, no meio artístico, bem como em outros meios, com atletas e artistas declarando-se cristãos ou demonstrando sua fé. 

E então se verá o Filho do homem, vindo sobre as nuvens com poder e glória. Como o relâmpago que sai do Oriente e se mostra no Ocidente, assim será a segunda vinda de Cristo: evidente para todo o mundo. Seus anjos serão enviados com grande som de trombeta e reunirão os seus eleitos de uma à outra extremidade dos céus. A parábola da figueira é citada por Mateus e Lucas, alertando para a proximidade da chegada do Reino de Deus. O dia e a hora desses eventos tão esperados “ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai”, afirmou Jesus quando esteve neste mundo. Mateus cita como ilustração para a necessidade de nossa vigilância os dias de Noé, bem como parábolas: duas pessoas trabalhando no campo; a hora da noite quando o ladrão vem; os servos, um fiel e sensato e o outro mau; as dez virgens à espera do noivo; os talentos dados a cada um segundo sua capacidade.

Com a volta do Filho do Homem, acontecerá o julgamento das nações, a separação entre bodes e ovelhas, bem como o destino final da humanidade.

Pessoalmente, eu nunca pensei em viver dias como os que estamos vivendo, mas tudo me leva a crer que, conforme Jesus profetizou, isto é apenas o “princípio das dores”, quando a mulher que espera o nascimento de uma criança começa a sentir as primeiras contrações. As dores irão aumentar com o passar do tempo, sem termos previsão de dias, meses, anos de duração, mas creio que parte da geração que vive nesta terra nos dias de hoje presenciará os acontecimentos profetizados no final dos tempos. Lucas afirma: “Quando começarem a acontecer estas coisas, levantem-se e ergam a cabeça, porque estará próxima a redenção de vocês”. Antes, havia dito: “É perseverando que vocês obterão a vida”. Estejamos atentos e perseverantes, orando a Deus para que nos dê força, coragem e fé para prosseguirmos nesta luta, neste combate que é duro e tremendo, sabendo que o que nos aguarda na eternidade compensará todos os transtornos e sofrimentos da vida presente. 

 

6. JESUS PROFETIZA A DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM

 

“Mestre”, perguntaram eles, “quando acontecerão essas coisas? E qual será o sinal de que elas estão prestes a acontecer?” (Lucas 21.7)

Quais são e como entender as profecias bíblicas que se referem à segunda volta de Cristo? Vamos iniciar pelas profecias proferidas pelo próprio Senhor Jesus Cristo e registradas por seus seguidores no Novo Testamento.

As profecias sobre a segunda vinda de Cristo foram proferidas por ele mesmo no final do seu ministério, em relato de Mateus 24 e 25, Marcos 13 e Lucas 25 a partir do verso 5. No capítulo 23 de Mateus, Jesus aparece censurando a hipocrisia dos escribas e fariseus e, no final, chora sobre Jerusalém, que “mata os profetas que lhe são enviados”. Então ele diz: “Eis que a casa de vocês ficará deserta (v. 38). “Pois eu lhes digo que vocês não me verão mais, até que digam: ‘Bendito é o que vem em nome do Senhor’” (v. 39)O verso 38 anuncia a destruição de Jerusalém e o 39 aponta para o final dos tempos.

Jesus já havia alertado sobre o que aconteceria com a sua própria vida nos dias que viriam: prisão, julgamento, morte, ressurreição, ascensão aos céus e segunda vinda. Ele e seus discípulos estavam diante do Templo de Jerusalém, quando alguns dos seguidores começaram a comentar “como o templo era adornado com lindas pedras e dádivas dedicadas a Deus”. Jesus lhes respondeu: “Disso que vocês estão vendo, dias virão em que não ficará pedra sobre pedra; serão todas derrubadas” (Lucas 21.6). A seguir, os discípulos perguntam ao Salvador duas coisas: “quando acontecerão essas coisas” e “qual será o sinal de que elas estão prestes a acontecer”.

A primeira pergunta, quando acontecerão essas coisas, refere-se claramente ao Templo; a segunda, qual será o sinal de que elas estão prestes a acontecer, refere-se à sua segunda vinda. Jesus responde a essas duas perguntas de uma só vez; por isso, é preciso separar o que Cristo disse sobre o Templo e sua destruição e o que afirmou sobre sua segunda vinda no seu chamado “Sermão Profético”. Ambos os acontecimentos eram ainda futuros para Jesus e seus seguidores na ocasião; para nós, no século XXI, o primeiro é histórico e o segundo ainda é profético.

Vamos tratar neste texto do histórico, a destruição de Jerusalém e do Templo, comandada por Tito, filho do imperador romano Vespasiano. Sobre a destruição que viria sobre Jerusalém, nossa referência será Mateus 24.20-24 e 30 e 31. Citando os pontos-chave do texto, ao afirmar que não ficaria pedra sobre pedra, sendo todas derrubadas, Jesus alertou para a devastação da cidade, que estaria próxima quando vissem Jerusalém rodeada de exércitos. Aqueles que estivessem na Judéia deveriam fugir para os montes, os que estivessem na cidade deveriam sair em fuga e os que estivessem no campo não deveriam entrar na cidade. Seriam dias da vingança, em cumprimento a tudo o que havia escrito; seriam dias terríveis, principalmente para as grávidas e para as que estivessem amamentando. Haveria grande aflição na terra e ira contra o povo judeu, que cairia pela espada e seria levado como prisioneiro para todas as nações. Jerusalém seria pisada pelos gentios, até que os tempos deles se cumprissem. Após algumas afirmações referentes à sua segunda vinda, Jesus afirmou ainda sobre a destruição de Jerusalém e do Templo: “Eu lhes asseguro que não passará esta geração até que todas estas coisas aconteçam. Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão”. Realmente, cerca de quarenta anos transcorreram entre aquela cena em frente ao Templo e sua destruição no ano 70 do primeiro século. Quando Jerusalém foi destruída, a história registra que a Igreja havia lembrado o que Jesus alertara e fugido para uma região transjordânica chamada Pella.

Os verdadeiros profetas, e o próprio Senhor Jesus como um deles, deixaram profecias que foram todas cumpridas. Esta feita pelo Salvador foi uma delas. A seguir, veremos o que Cristo deixou como profecia para o final dos tempos, algo que começa a se cumprir na nossa geração, segundo cremos, com base nos acontecimentos deste século no qual vivemos. 

23. DA VELHA BABILÔNIA À NOVA JERUSALÉM

  “Nabucodonosor levou para o exílio, na Babilônia, os remanescentes (...) para serem seus escravos...” (2 Crônicas 36.20) “Então vi novo...